Depoimento: Agressão/lesão corporal no interior da Escola Técnica Federal (depois Cefet e atual IFBA

19/01/2013

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Por Ramón Lacerda

Olá, equipe do Bahia na Rede.
Queria contar um caso que aconteceu comigo na última quinta-feira, dentro das instalações do IFBA – Instituto Federal da Bahia, no campus Salvador, localizado no Barbalho.

Sou um aluno da instituição e estou cursando eletrotécnica, em nível técnico integrado, tenho dezessete anos e, além disso, participo de vários movimentos sociais contra alguns tipos de agressão e estagio no Tribunal Regional do Trabalho, 5ª Região.

Descritivamente, eu estava na PRAÇA VERMELHA, que é uma praça localizada dentro da instituição, onde os alunos geralmente passam o intervalo, que é MUITÍSSIMO movimentada ( e, estava no local que chamamos de “Aranha”), conversando sobre a minha aprovação para a segunda fase da UFBA com três colegas e, de repente, fui atingido por uma pedra de tamanho considerável no rosto (mais especificamente, na parte final da sombrancelha, cerca de 3cm de distância do olho direito). Sim, uma pedra. E sim, no rosto, numa área bem sensível, perto dos olhos.

O lesador (André Nascimento, 18 anos) foi um aluno do curso técnico de mecânica, na modalidade integrada, que SUPOSTAMENTE estava brincando de lançar pedras com os colegas da turma, nesta Praça Vermelha, que é uma brincadeira bem pesada pelo visto, já que atingiu uma pessoa (no caso, EU) que não tinha nada a ver com a “BRINCADEIRA” e que acabou lesionando de forma grave (VIDE FOTO) a região próxima a ocular no meu rosto.

COMO UMA BRINCADEIRA CONSEGUIU ATINGIR UMA PESSOA QUE NÃO TINHA NADA A VER? EU NEM MANTENHO QUALQUER TIPO DE CONTATO COM AS PESSOAS ENVOLVIDAS, COMO ASSIM? UMA BRINCADEIRA QUE FAZ UM CORTE NO ROSTO DE ALGUÉM, DENTRO DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL?!

Após isso, fui encaminhado para o Serviço Médico da instituição, com o rosto bastante ensanguentado (e também depois de uma tentativa de reação contra o menino do segundo ano de mecânica, por legítima defesa, mas, sem sucesso), onde fui orientado à ir num hospital mais próximo, depois de feito um curativo, pois o meu machucado teria de levar pontos, pra uma possível cicatrização mais rápida.

SAINDO DO AMBULATÓRIO, ME REENCONTREI COM O LESADOR E OS OUTROS ENVOLVIDOS (UM GRUPO DE REPUTAÇÃO BEM DUVIDOSA, DE UMAS PROVÁVEIS 7 PESSOAS), QUE, DE FORMA HUMILHANTE E BASTANTE RUDE, ME AGREDIU VERBALMENTE, COM PALAVRAS DE BAIXO CALÃO E AFIRMARAM A BRINCADEIRA COMO “O LESADOR SERÁ CONHECIDO COMO A LENDA DO CEFET, O PRIMEIRO A JOGAR UMA PEDRA NUM VIADINHO”, FORA OS RISOS DESAGRADÁVEIS E O “SER FEITO DE PIADA”. COISAS QUE TANGENCIAM OS DANOS MORAIS, A VIOLÊNCIA E AGRESSÃO VERBAL, A HUMILHAÇÃO PÚBLICA, E TRAÇOS DE PRECONCEITO E HOMOFOBIA.

Mesmo muito chocado com a situação e depois de chorar bastante, de desespero, de medo, de um sentimento de pavor, fui até a D.E (Direção de Ensino), onde me comuniquei pessoalmente com a nova diretora do colégio, a Professora Lybia Rocha dos Santos, que foi comunicada, não só de forma verbal, mas, posteriormente de forma “legal e escrita”. Espero uma posição da escola, de fator urgente, pois, provavelmente o caso será levado à 2ª Delegacia de Polícia (localizada na Lapinha), onde irei com os meus responsáveis, já que sou de menor.

No mais, as fotos foram tiradas na quinta, antes de ir na delegacia/hospital, pós banho, como se pode ver, ainda sangrava muito, pois o corte estava aberto.

Espero que a equipe me ajude a divulgar este caso, e a levantar questões como: Até onde o preconceito pode ser usado à isso? E a maturidade dos alunos de uma instituição de nível federal, aonde está? Uma brincadeira com uma pedra, considerada também como arma branca?

Há fortíssimos boatos que o menino nada sofrerá, apenas um acompanhamento pedagógico. É realmente esta a posição que deve ser tomada?
Estou com muitas pessoas, alunos, amigos, conhecidos, colegas, pessoal do trabalho, família, pessoas do bairro, funcionários da instituição, e enfim, disposto a lutar à favor dos direitos e que a justiça seja feita.

Está anexada às fotos do ferimento e a página da rede social do lesador.(Deco Nascimento: https://www.facebook.com/deco.nascimento8?fref=ts)

Espero um retorno de vocês, estou disposto a fazer qualquer tipo de declaração.

3 Respostas to “Depoimento: Agressão/lesão corporal no interior da Escola Técnica Federal (depois Cefet e atual IFBA”

  1. Pedro Paulo Says:

    Esse tipo de ser deveria estar bastante distante do convívio social, seja, deveria estar na cadeia.


  2. Nota pública

    O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) lamenta o incidente ocorrido no último dia 10, em que um estudante foi atingido por uma pedra e acusa o agressor de homofobia. O estudante ferido recebeu pronto atendimento no Serviço Médico do instituto.

    O caso está sendo apurado pela Diretoria Geral do campus através de uma comissão de sindicância para esclarecimento e tomada de decisões administrativas que estejam na competência da instituição.

    É uma prática do IFBA desenvolver ações educativas que despertem a cidadania e o respeito às diferenças, como a Semana sem Homofobia e a Jornada das Relações Étnicas e/ou Raciais.

    Albertino Nascimento
    Direção Geral
    Instituto Federal da Bahia – Campus Salvador

    • José Domes Says:

      Creio que o senhor tenha sido meu professor, Química, Básico 1991. Sendo um professor, o sentido da resposta não cabe a ti, o aluno deveria receber uma penalidade como uma suspensão, no mínimo e os pais chamados para uma conversinha. Essas ações educativas vai entrar numa orelha e sair em outra. No meu tempo era diferente.


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