Cheguei à capital em 1976, escapando do ar seco de Feira de Santana para a umidade soteropolitana onde a brisa sopra do mar de manhã, de tarde e de noite. Em Feira, a saúde não era das piores, mas ocasionalmente uma gripe me acometia, quadro que em Salvador modificou-se consideravelmente. Os estados gripais de antes rarearam até desaparecerem, sendo, contudo, substituídos por uma rinite alérgica que vez em quando me visita, mas nada que tire minha tranquilidade, agora que já aprendi a conviver com ela e só experimentar crises no máximo duas vezes por ano. É a glória! E a razão é o clima de Salvador.
Vim para cá a trabalho, como barnabé concursado que teve de, durante 35 anos, oprimir-se entre quatro paredes, suspirando pelo sol e a paisagem através de uma janela. Nos primeiros dias na cidade, assim que deixava o expediente – e os dias em que o horário de verão imperava foram fundamentais – corria para o Belvedere da Sé, para apreciar o por do sol, respirando a brisa, mordiscando frutas ou experimentando os sorvetes d’A Cubana. Salvador cuidou de mim, minha saúde melhorou e agora olho melhor para a cidade, porque respiro melhor.
Texto: Chico Muniz
Foto: Belvedere da Sé, por Kátia R. Borges
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