Aglomeração em volta de uma menino negro, de 13 anos, sentado de cabeça baixa, assustado, próximo à praça de alimentação do Shopping Barra. Um pano com gelo na mão, de vez em quando levado à testa. Em cada pé um modelo diferente de sandália tipo havaiana. Os seguranças queriam levar o menino, as pessoas indignadas resistiam, queriam primeiro a presença da polícia.
Alguém se aproxima e pergunta: o que ele fez?
Santo preconceito. Ele não fez, fizeram com ele.
E, boas novas neste mundo cão, havia ali um grupo grande de pessoas empenhadas em proteger o menino, pedir providências ao shopping.
Sandro Lisboa, analista de sistemas, estava a próximo ao garoto, na aglomeração que acompanhava o segundo tempo do BaVi, em frente ao restaurante Tokai. “Ele fez um comentário e um homem, que estava a 10 metros de distancia se aproximou, deu um tapa nas costas, voltou e deu mais três socos, na cabeça e na testa”, conta Sandro, que ouviu também o comentário espantado da filha do agressor: “Pai, por que você fez isso?”
Junto com outro cliente do shopping, o engenheiro ambiental David Lockwood foi em busca dos seguranças, que conduziram o agressor, um homem branco, de aproximadamente 40 anos, para uma entrada da aérea de serviço do Shopping e depois informaram que ele havia fugido. “Achei ridículo os seguranças fazerem tudo para proteger o agressor e nada para averiguar o que aconteceu”, diz David.
A polícia finalmente chega. A agente da Polícia Federal Carla Medrado, que também assistiu a cena se apresenta e pede providências. Ela está indignada com a atitude da segurança do shopping, que em vez de deter o agressor facilitou a sua fuga. Não houve registro de ocorrência.
Uma das pessoas saca o telefone e liga para a redação do Correio*. Informa o que acontece, pede cobertura. Veja aqui.
01/05/2011 às 23:09
Um flagrante da nossa miséria social. Esse fdp deve estar em casa agora, talvez batendo também na mulher e na filha. Talvez não.