Promotoria de Justiça determina fim imediato de agressões ao Terreiro Icimimó, em Cachoeira (BA)

02/03/2019

Terreiro Ilê Axé Icimimó, Cachoeira -Ba, foto site Jornalistas Livres

Prepostos do Grupo Penha S/A devem se abster “de adentrar o imóvel utilizado pelo Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didè, no município de Cachoeira, em especial munido de ferramentas, maquinário, veículos, ou qualquer outro instrumento que venha a alterar, extrair, queimar, mutilar, modificar qualquer bem, local, recurso natural ou cultural, da fauna, flora ou hídrico, afeto ao Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didè, até o fim do processo de tombamento do terreiro e sua demarcação territorial”. Esta é a primeira das recomendações feito pelo promotor de Justiça de Cachoeira (BA), Sávio Henrique Damasceno Moreira, atendendo a demanda de várias organizações que saíram em defesa do terreiro que sofreu tentativa de invasão nesta semana que antecede o Carnaval.

O promotor de Justiça convocou representantes da empresa a comparecerem na 1ª Promotoria de Justiça no dia 07 de março de 2019, às 10:00hs, no Fórum da cidade de Cachoeira-BA. E recomendou também à Polícia Militar: “Que caso receba notícia de atuação do Grupo Penha no imóvel do Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didè, que compareça imediatamente ao local e, se for o caso, promova a prisão em flagrante dos envolvidos e apreensão do maquinário, com imediata comunicação ao Ministério Público.

As recomendações do Ministério Público foram encaminhadas ao Grupo Penha e à Polícia Militar, ao Município de Cachoeira, ao IPAC e

ao IPHAN, bem como à Procuradora-Geral de Justiça do Estado da Bahia; ao Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (CAODH) do MP-BA;

 

Na quinta-feira (28) circulou a notícia no Jornalistas Livres:

 Empresa de celulose invade Terreiro Icimimó, em Cachoeira, e seguranças ameaçam líder religioso do templo centenário

Templo religioso, que tem 102 anos em atividade, é registrado como Patrimônio Cultural da Bahia e está em processo de tombamento pelo IPHAN

O Terreiro Icimimó, histórica casa de matriz africana, com 102 anos de atividade e desde 2015 reconhecida como Patrimônio Cultural do Estado da Bahia, está sendo gravemente ameaçado dentro das suas próprias terras. Armados e portando drones, os funcionários da empresa Penha Papel e Celulose passaram a demarcar o terreno desde a última quarta-feira, 27 de fevereiro, alegando que o mesmo se trata de propriedade da empresa.

Nesta quinta-feira, 28, o conflito fundiário ganhou mais um triste e violento capítulo. Em nome da empresa, seguranças armados ameaçaram o líder religioso Antônio Santos (Pai Duda) sob o argumento de que o mesmo estava lesando o patrimônio alheio quando realizava a poda de um bambuzal dentro das cercanias do templo religioso.

Membros do Terreiro chegaram a ligar para a empresa argumentando sobre o equivoco que estava ocorrendo, entretanto o setor jurídico da companhia afirmou que a propriedade era deles e que, se não estivessem satisfeitos, procurassem a Justiça.

Nascido no ano de 1736, mas situado na localidade de Terra Vermelha, em Cachoeira, há 102 anos, o Terreiro do Icimimó está em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), além de já ser protegido pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). O templo religioso tem representação jurídica através de sua Associação Civil Seguidores de São Gerônimo.

Desde o século XIX a casa de candomblé atua como instituição de preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro, não apenas como comunidade detentora da tradição cultural e religiosa do candomblé, mas também como entidade de combate ao racismo.

Em 2018, o terreiro já havia sido ameaçado com uma invasão de parte de suas terras e deu entrada junto ao Ministério Público Estadual numa representação contra os invasores, que à época coletaram mudas de bambu no local. Contudo, o processo foi arquivado porque a empresa em questão, mesmo provocada, não se manifestou nos autos, configurando, assim, uma invasão eventual para extração livre – e não sistemática – de bambu.

Em seu espaço, o Terreiro Icimimó também acolhe projetos e atividades educativas que debatem estratégias de resistência cultural da população negra.

Dentre suas parcerias recentes junto aos poderes públicos destacam-se a parceria junto ao Estado da Bahia, com o qual o terreiro desenvolveu estratégias em prol da preservação dos hábitos alimentares e votivos, e com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), instituição que tem auxiliando no debate sobre a produção de discursos patrimoniais – um diálogo que ocorre também com a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) e com ativistas de movimentos sociais e culturais da Bahia.

“Neste momento de profunda apreensão, o Terreiro Icimimó declara que lutará pelo direito de manter seu solo sagrado incólume da sanha voraz do grande capital”, afirmou Pai Duda.

O líder religioso informou que já foram realizados contatos com IPHAN, IPAC, Policia Militar da Bahia, Ministério Público, SEPROMI, SECULT e Secretaria da Casa Civil. “Esperamos nesse momento de dor e de luta que os órgãos de Estado tomem as providências cabíveis para salvaguardar esse patrimônio da Bahia, do Brasil e do mundo”, pediu.

https://jornalistaslivres.org/empresa-de-celulose-invade-terreiro-icimimo-em-cachoeira-e-segurancas-ameacam-lider-religioso-do-templo-centenario/

 


Abominável mundo novo, por Lira Neto

15/10/2017
Maíra Mendes/Folhapress
 Folha de S. Paulo

A cena me deixou terrificado. Há poucos dias, visitei uma escola paulistana de ensino fundamental, em um bairro de classe média da cidade. Cheguei à hora do intervalo e deparei-me com um quadro que parecia retirado de algum episódio de “Black Mirror”, a série televisiva que explora os aspectos mais sinistros do impacto da tecnologia sobre o mundo contemporâneo.

Espalhados pelo pátio, recostados nas paredes, sentados ao chão, divididos em pequenos grupos, praticamente todos os alunos mantinham os olhos presos às telinhas dos respectivos celulares. Eram dezenas de crianças e pré-adolescentes. De ombros arqueados, quase nenhum olhava diretamente para o outro. Boa parte deles utilizava fones de ouvidos.

Muitos movimentavam os polegares freneticamente, digitando algo nos minúsculos teclados virtuais, enquanto caminhavam às cegas, sem olhar para a frente. Outros, imóveis, nucas curvadas, retinas fixas nos aparelhinhos, mantinham o semblante vazio, uma expressão de ausência e torpor.

Estavam fisicamente juntos, mas separados por uma barreira invisível. Naquelas mentes e corpos em formação, a criatividade, a energia e o fulgor tão típicos à idade pareciam tragados pela entropia de um assustador buraco negro. A imagem me provocou tamanho abalo que, nos dias posteriores, arrisquei-me a investigar um pouco mais o fenômeno.

Tinha uma hipótese inicial, compartilhada, creio, por muitos. Apostei que iria encontrar apenas um cenário de hiperexposição das vaidades, uma hipertrofia dos egos, a espetacularização da banalidade cotidiana.

Vasculhei a internet, busquei bibliografia especializada, analisei grupos de WhatsApp, percorri redes sociais, segui usuários, acompanhei hashtags, baixei aplicativos. Contudo, minha hipótese inicial mostrou-se insuficiente. O panorama, até onde pude avaliar, aparenta ser muito mais aterrador.

Por minha condição de pai, conheço muitos pré-adolescentes e já havia constatado que a maioria deles se recusa a qualquer espécie de imersão interior ou mesmo ao exercício da contemplação do mundo. Numa viagem de automóvel, por exemplo, preferem distrair-se com tabletes e celulares a olhar pela janela, a mergulhar nos próprios pensamentos ou a simplesmente apreciar a paisagem.

Parecem ter uma dificuldade de lidar com as pausas e silêncios necessários à autorreflexão e à construção da própria subjetividade. Some-se a isso o comportamento multitarefa, a excitação por reagir de imediato a estímulos das mais variadas procedências, o instantaneísmo incitado pelas redes, e tudo parece convergir para uma certa vulnerabilidade e, talvez, alguma espécie de vácuo emocional.

O fato é que constatei a proliferação, em escala alucinada e preocupante, do número de adolescentes que compartilham entre si mensagens suicidas e sugestões de automutilação. Perfis do Instagram exibem imagens de jovens carregadas de morbidez. Em grupos de WhatsApp destinados a fãs de animes e literatura fantástica, amigos virtuais que se autointitulam “tios malvados” convidam os incautos a conversar por mensagens privadas.

O cyberbullying é praticado abertamente, contando inclusive com a ajuda de aplicativos como o Sarahah (“franqueza”, em árabe), um dos mais populares entre os jovens, destinado a enviar mensagens anônimas para qualquer pessoa, criticando aspectos de sua personalidade ou aparência. No linchamento cibernético do Sarahah, não há ferramentas disponíveis para o atingido se contrapor ao agressor.

Outro aplicativo onipresente nos smartphones de adolescentes é o coreano SimiSimi, criado em 2002, mas que nos últimos meses voltou com tudo à moda. Trata-se de um chatterbot, ou seja, um programa baseado em inteligência artificial capaz de manter uma conversação em tempo real com o usuário. Nesse caso, por trás do personagem amarelinho e sorridente, o tal SimiSimi, esconde-se um interlocutor agressivo e boca suja.

Baixei-o em meu smartphone para entender como funciona. Em menos de 15 minutos de interação, eu já estava sendo xingado com palavrões cabeludos e recebendo, da parte dele, propostas sexualmente explícitas. “Vou chupar você” e “Me bate, seu otário, me encha de prazer” foram algumas das frases mais publicáveis ditas pelo bonequinho.

Enquanto isso, existe gente por aí querendo censurar exposições de arte. O verdadeiro perigo parece estar nas mãos de nossas crianças e adolescentes, livremente, acessíveis a um clique. Abominável mundo novo.

Lira Neto é jornalista, pesquisador e biógrafo de nomes como Maysa e José de Alencar, e publicou uma trilogia sobre Getulio Vargas. Ganhou quatro prêmios Jabuti. Escreve aos domingos, a cada 2 semanas.

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A naturalização da desigualdade

30/09/2017

por Oscar Vilhena Vieira, Folha de São Paulo

Joel Silva – 6.abr.2017/Folhapress
SAO PAULO, SP BRASIL-06-04- 2017 : Vista de aera de ocupacao no Jacana, zona norte de Sao Paulo. Bairro vive onda de violencia depois de uma chacina de 9 mortos. ( Foto: Joel Silva/Folhapress ) ***COTIDIANO *** ( ***EXCLUSIVO FOLHA***)
“A exclusão e os privilégios, e não verdadeiros direitos, passam a determinar as relações sociais”

A desigualdade não é um acidente na história de uma sociedade, mas sim fruto de deliberadas escolhas políticas e institucionais que favorecem a concentração de renda, bens e benefícios públicos. A situação do Rio de Janeiro, que em muito se aproxima de outras regiões brasileiras, deveria deixar claro, por sua vez, que quando a desigualdade é profunda e persistente ela compromete fortemente o devido funcionamento das instituições e a própria coesão social.

Apesar dos esforços de distribuição de riqueza por intermédio do acesso à educação, saúde, saneamento básico e mesmo assistência social, articulados pela Constituição de 1988, o Brasil não se tornou um país mais justo nas últimas décadas. Como aponta relatório da Oxfam, os 5% mais ricos detém 95% da renda nacional. As 6 maiores fortunas concentram o mesmo que 50% da população.

Para muitos, isso demonstra o equívoco da estratégia social democrata adotada em 1988. Não questiono a enorme ineficiência dos serviços essenciais providos à população mais carente. Mesmo assim, os indicadores sociais apontam para uma relativa melhoria das condições de vida dos mais pobres. O fato, porém, é que mesmo a redução da pobreza não redundou numa significativa redução da desigualdade.

A principal razão desse paradoxo parece estar na natureza altamente regressiva de nosso sistema tributário, associada aos diversos benefícios regiamente oferecidos aos mais ricos, como juros subsidiados, exonerações e renúncias sobre lucros e dividendos, opulentas aposentadorias, além do simples perdão dos que devem muito ao fisco.

O problema é que esse padrão de abissal desigualdade institucionalmente entrincheirado corrói o tecido social e perverte o modo como as instituições republicanas funcionam. De um lado a desigualdade inibe a construção de relações de reciprocidade, dificultando que as pessoas vejam a si, e aos demais, como merecedores de igual respeito e consideração. A exclusão e os privilégios, e não verdadeiros direitos, passam a determinar as relações sociais. Numa sociedade individualista e de consumo, como a brasileira, isso redunda necessariamente em tensão social, violência e banalização da vida. Os mais de um milhão de homicídios nas duas últimas décadas são a face brutal do esgarçamento de nosso tecido social.

De outro lado, o enorme desequilíbrio de poder dentro da sociedade, decorrente da extrema desigualdade, também impacta o modo como as instituições e os diversos segmentos da sociedade se relacionam. Causa perplexidade a facilidade com que setores afluentes conseguiram capturar as instituições democráticas para extrair benefícios inaceitáveis do poder público. Inversamente proporcional é o tratamento dispensado pelas instituições aos mais pobres, especialmente quando vistos como ameaça. Aí a regra é o descaso, o arbítrio e a violência. O resultado de tudo isso é uma imensa e crescente desconfiança nas instituições.

A saída dessa crise mais profunda dependerá da construção de um novo projeto de nação, mais inclusivo. Sem truques, onde aquilo que é dado com uma mão não seja retirado com a outra. Um projeto que reabilite as instituições a exercerem com legitimidade o arbitramento dos conflitos. A sociedade brasileira mudou e dificilmente tolerará os atuais padrões de violência, corrupção e ineficiência sem reagir

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Fora Aécio: soberania popular exige respeito

29/09/2017

A Nota da Executiva Nacional do PT /aqui/ erra no principal, ou seja, põe o xis da questão na ideia do senado como poder soberano. Como assim? O senado é mandatário, recebe um mandato do povo, este, sim, é o soberano, mas quase nunca no Brasil essa soberania é garantida e respeitada.

O senador tem mandato popular e deve honrar e dignificar o mandato do seu soberano. Como no Brasil a soberania popular tornou-se algo irrelevante, faz todo sentido, o pior sentido, tornar zero a reação ao impeachment. É hora de agir. Os brasileiros dignos devem agir. No caso de Aécio devemos exigir a renúncia e/ou a cassação. Colhido na prática do crime, a obrigação moral e política de Aécio é renunciar. Recusar a renuncia é abusar do mandato popular, da soberania popular. É crime de lesa pátria utilizar dos poderes da República para delinquir impunemente, sistematicamente, dilapidando o erário público e as riquezas da nação em proveito próprio e de organizações criminosas. O processo está em curso e deve ser levado até o fim, com amplo direito de defesa e respeito pelo direito e pela Justiça.

O Judiciário claudica e continua em hasta pública, como se denunciava a Justiça do tempo do Império; o Legislativo é o balcão de negócios para chupar o orçamento em proveito de grupos seletos. A nação brasileira precisa exigir punição daqueles que estão vendendo as riquezas brasileiras na bacia das almas, que, insisto, isto é crime de lesa pátria. A renuncia de Aécio é o mínimo que se deve cobrar de um senador da República sobre quem cai a gravidade de denúncias, indícios e provas indesculpáveis. A soberania popular deve estar no centro da cena para fazer avançar a luta pela igualdade e liberdade no Brasil. Lembro-me que na campanha de 2006 Marilena Chauí esteve aqui na Bahia e fez uma conferência na Faculdade Cairu, lotada, ela falou exatamente disto, a hábito dos políticos eleitos, governantes de usurparem a soberania do voto como se isto fosse “natural”. O politico eleito se sente dono do voto, ela dizia, dono da soberania do povo, tendo recebido mandato popular se vê e age como imperador, desconhecendo a soberania popular.

Neste momento nos faz imensa falta uma rede nacional de comunicação popular qualificada, bem posicionada, bem informada, diária, que compreenda a centralidade de se fazer ouvir a voz do povo em narrativas de combate aos privilégios e a mistificações, combater a desinformação, pautando as experiências de transformação que milhares de grupos desenvolvem em todo o país. Precisamos da comunicação que ajude a desmascarar a hipocrisia das elites e enfrente as questões cruciais que vivemos atualmente na sociedade.

Chegamos num ponto da crise cuja única saída é fortalecer os meios adequados para a defesa das riquezas e das possibilidades imensas da nação espoliada, fraturada. Somos um povo generoso e explorado, rebaixado a ser uma espécie de sub-povo. Mas precisamos nos rebelar. O começo de tudo precisa ser juntar o Brasil para garantir a distribuição das riquezas naturais, culturais, simbólicas, econômicas do país. O Brasil mobilizado para cumprir seu destino de grande naçao, tomado como base desse processo a luta incessante para reduzir e por fim às desigualdades sociais, política, etc. que inviabilizam o país.

Seis bilionários do Brasil ganham mais do que 100 milhões de brasileiros. Como podemos aceitar esta indignidade? Deixamos de fazer disso a pauta fundamental e ficamos patrocinando produtos de beleza para fazer das aparências a imagem enganadora das nossas misérias. A TV e a comunicação pública qualificada deve recusar o servilismo ao mercado de consumo que banaliza a existência ao invés de dignifica-la. Rasgar o véu para evitar que a maioria caia na mistificação do bolsomito de que a distribuição de armas, fuzis, revólveres, etc. nas cidades e nas fazendas, para fazendeiros e outros proprietários matarem quem quiser em nome da defesa da sua propriedade e/ou disputando a propriedade alheia seja algo perfeitamente aceitável. Distribuir armas nas cidades e nas fazendas? Vocês já imaginaram o que será viver no Brasil em que a venda de armas se torna algo banal? Atualmente são assassinados 60 mil pessoas por ano no Brasil. É matando cada vez mais brasileiros despossuídos que nossos problemas serão resolvidos?

Todos devemos mais do que nunca agir. Meu entendimento é que toda a esquerda brasileira foi golpeada e está sem capacidade de reação. Toda a esquerda. Todos os grupos mais à esquerda que saíram do PT desde a década de 1990 contribuíram, com a saída, a garantir tranquilidade à hegemonia da Articulação nos debates internos do PT. O fracasso político do PT é o fracasso político da esquerda da minha geração. O social-liberalismo petista, porém, deixou-nos o legado da política de incluir os pobres no orçamento. A ilegitimidade do capitalismo neo-liberal deve servir para interromper o crescimento do ovo da serpente. No lugar de fascismo precisamos manter e aprofundar a luta pela igualdade, luta que precisa continuar e se fortalecer.


Filósofo Jacques Rancière faz diagnóstico preciso da atualidade

03/09/2017

por Bernardo Carvalho, escritor 

“Em que Tempo Vivemos? (“En quel temps vivons-nous?”, ed. La Fabrique) é o título de uma plaqueta publicada na França, com uma conversa entre o editor Eric Hazan e o filósofo Jacques Rancière . É um diagnóstico da atualidade.

Autor de um pensamento político original e sem concessões, Rancière revisita algumas de suas ideias fundamentais, como a diferença entre democracia e sistema representativo e a constituição de povo. Para o leitor brasileiro, a ironia é afinal poder se sentir parte do presente graças ao nosso atraso e ao nosso embrutecimento, pela sintonia com o que há de pior no mundo.

É claro que há uma brutalidade que é só nossa. No que diz respeito ao sistema representativo, por exemplo, ou mesmo judiciário, lidamos hoje no Brasil com figuras inconcebíveis na maior parte dos países considerados Estados de direito, mesmo aqueles em franca depressão democrática. É como se seguíssemos o roteiro de um filme ruim sobre o mundo dominado pelas forças das trevas.

A perplexidade diante do inconcebível exige esforço redobrado de pensamento para evitar a paralisia. Contrariando o discurso dominante, Rancière insiste em distinguir democracia e sistema representativo, o que talvez nos ajude a imaginar formas alternativas e mais eficazes para reagir ao pesadelo do impasse político brasileiro. “A democracia não é a escolha dos representantes; ela é o poder daqueles que não estão qualificados para exercer o poder.” Continue lendo »


2017 de sortes e encruzilhadas

01/01/2017

“Depende da sorte” é o título da coluna dominical do jornalista Janio de Freitas no jornal Folha de S. Paulo (1/1/17). Do alto da sua lucidez, sugere que diante dos corrupto no poder [no Brasil e no mundo], devemos nos valer de um “Salve-se” e do “Cuidado com 2017”. Análise implacável. Ainda bem que as horas, os dias, os anos são surpreendentes na sua singularidade ainda que muitas coisas, de fato, tendem a se repetir. Entramos em 2017 entregue à sorte na encruzilhada. Ao texto:

Janio de Freitas

Michel Temer e Donald Trump são sócios em uma excentricidade que nos onera com alcance, pode-se dizer, unânime. A voz geral é o pessimismo sobre o 2017 com Temer e seu grupo de aturdidos e corruptos. A essa desesperança convicta Trump anexa uma inquietação medrosa do quanto pode piorar as desgraças do mundo, entre as quais a nossa. E então, com fogos e beijos, bebidas e delícias, de 31 de dezembro para 1º de janeiro festejamos –como 200 milhões de tresloucados– tanto o fim de um ano desprezível quanto a chegada de um ano que prevemos igual ou ainda pior.

Nesse encontro do passado perdido com o não futuro, desejar “feliz 2017” é uma extravagância cômica. Ou sádica. Haveria alternativas adequadas. “Salve-se”. “Cuidado com 2017”. E a minha preferida: “Sorte”. Neste país, só duas coisas levam adiante: ou ter sorte ou não ter caráter. No primeiro caso, o mérito é um coadjuvante, mas não indispensável. No segundo, isso não interessa.

Eduardo Paes, prefeito que hoje é ex, diz que “teve sorte, por conseguir o que mais queria: ser prefeito da minha cidade”. Se isso foi mais por sorte do que por mérito, nos anos de realização o mérito foi igual ou maior do que a sorte. O Rio visível recebeu, em oito anos, uma quantidade de obras de porte muito superior à soma do que lhe deu a fileira de prefeitos do último meio século. A cidade pulou sem intervalo da decadência melancólica para as modernidades do urbanismo, de transporte, da tecnologia. Foram quase R$ 40 bilhões em investimentos. A Olimpíada teve, sim, participação nisso, mas não foi a maior nem a mais importante das que couberam à prefeitura. E poderia ter sido a mesma junção de imoralidade e incompetência que foram as obras da Copa.

A confirmar-se com o tempo, deu-se uma exceção histórica: com tamanho montante de gastos e de obras nos dois mandatos, não houve um só caso de escândalo financeiro. A propósito, mesmo no Rio, e no jornalismo, persiste a confusão entre o desastre do Estado e a situação do município. A cidade do Rio pagou aos funcionários sempre em dia, deixa com sobra o necessário para restos a pagar, fez redução expressiva da velha dívida municipal. Em saúde e educação, o Rio gastou bem mais do que o exigido por lei. Emprestou dinheiro ao Estado e até absorveu dois hospitais estaduais.

Explicação de Paes: “Foi possível porque, sem aumentar impostos, aumentamos a arrecadação com recadastramento do IPTU, venda de imóveis públicos e renegociação de dívidas ativas. E fizemos associações com a iniciativa privada”. O que todo prefeito e governador poderia fazer. Como também esta outra ajuda aos cofres públicos: foi raríssima a publicidade da prefeitura, sempre uma torrente de desperdício (e desvios) nas administrações brasileiras.

O político Eduardo Paes não teve os mesmos êxitos. Pouco cuidadoso no que diz, nada dedicado a se valer da posição para articular-se politicamente, sua situação não reflete o êxito administrativo. Jogou mal, e reconhece, na sua sucessão perdida para Marcelo Crivella. Da corrente peemedebista que foi liderada por Sérgio Cabral, hoje Paes é quase um livre-atirador no partido. Seu destino lógico –a candidatura ao governo estadual– tem outros pretendentes bem situados na máquina do PMDB. E Crivella, com o poder na mão, poderá apressar o plano dos evangélicos de ainda maior ascensão política.

Mas Eduardo Paes tem sorte. E o Rio teve com ele.

Agradeço, com franqueza, a divulgação e os comentários, mesmo não sendo poucos os discordantes, do que pude publicar na Folha, ao longo do ano, com total liberdade e frequentes divergências com o próprio jornal. A todos, os votos de que a sorte lhes alivie o 2017.


Alphaville: sofrimento e patologia social

01/01/2017

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Depois dos muros de Alphaville, o mato, é o título do prefácio escrito pelo filósofo Vladimir Safatle para o livro do seu colega uspiano Christian Dunker, Mal-Estar, Sofrimento e Sintoma, Boitempo Editorial, 2015. Dunker e Safatle são colegas do Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP.  No filme Alphaville de Godard é o Alpha 60 quem comanda a sociedade programada e cínica; e só se logra combater a máquina por meio incontrolável, ou seja, pela “indeterminação que vem junto a palavra poética, esse pavor pascaliano diante do silêncio dos espaços infinitos. Ou seja, fora de Alphaville estava toda a experiência possível”. No Brasil,  Alphaville, lembra Safatle, é dos primeiros e dos mais famosos condomínios fechados, que se pretendem lugares seguros, controlados, supostamente protegidos do caos social e comandados pelos síndicos, substitutos de Alpha 60, gestores igualmente ignorantes acerca de poesia e filosofia, porém sabedores de “que o Real em jogo no capital é muito mais importante do que o Real em jogo na realidade”. Para o filósofo, Dunker elevou o condomínio fechado “a paradigma da forma de vida hegemônica no imaginário nacional. Mas os sonhos de condomínio fechado produzem monstros e é sobre eles que este livro discorre”, diz o prefaciador.

O autor propõe que para “compreender as configurações históricas do sofrimento psíquico [devemos] partir da reconstrução prévia dos seus vínculos com a experiência social”. Na tríade mal-estar, sofrimento e sintoma, define-se sofrimento como algo que “é indissociável de uma experiência narrativa que mobiliza sistemas sociais de valores, narrativas e expectativas fracassadas de reconhecimento”, este compreendido no campo da teoria do reconhecimento de Axel Honneth. Compreender as relações entre “sofrimento” e “sistemas sociais” torna-se fundamental para entender como “a experiência nacional e suas formas de sociabilidade fornecem quadros de circulação dos desejos e dos afetos [ e suas relações com as] patologias mentais […] modalidades de sofrimento que impõem restrições a formas almejadas de vida, mas tem também uma profunda dimensão de patologia social”.

Trata-se, portanto, de pesquisa que busca “mostrar como o sofrimento psíquico é a expressão de um social ainda não reconhecido, ou não mais reconhecido […] promessa não cumprida”, desejos insatisfeitos, irrealizados, “história de desejos que lembram a natureza danificada das formas de vida que temos, [que atestam o bom resultado] do bom funcionamento das normas sociais”, que são, na realidade, incapazes de normatizar o não normatizável. Neste diapasão, Dunker recoloca “a psicanálise no interior da história dos embates nacionais a respeito do sentido de sua formação sociocultural”. Ou seja, trata-se de um autor que nos oferta uma interpretação do Brasil e do papel da psicanálise como “crítica da cultura que privilegia os impasses de individualização e socialização” e que dialoga com uma “antropologia filosófica” oriunda de Eduardo Viveiros de Castro. Ao trazer o sofrimento para o centro da pesquisa, Dunker expressa “o impacto da situação social brasileira nas configurações do adoecer psíquico [… e] tal situação social recebe uma espécie de “tipo ideal” na figura do condomínio fechado”. O multinaturalismo do perspectivismo ameríndio é a arma “contra o adoecimento produzido por Alphaville”, na medida em que o perspectivismo ameríndio nos oferta a possibilidade de colocar-nos a cada um no mundo a partir do conhecimento de quem somos enquanto Um e Outro, como se nota na fala do índio Bororo: “Eu sou uma arara”.  (JP)


Regularização de território de Rio dos Macacos está na fase final

07/09/2016

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A regularização fundiária do território da comunidade quilombola Rio dos Macacos está na sua etapa final. O processo administrativo eletrônico no. 04941.002350/201615 para destinação de área de aproximadamente 104 hectares, no município de Simões Filho, vizinho a Salvador encontra-se na Superintendência  do  Patrimônio  da  União  na  Bahia (SPU), na Coordenação  de  Destinação, Divisão de Regularização Fundiária e Habitação, depois de ter sido aprovado pelo Ministério da Defesa. A SPU deverá encaminhar o processo para o INCRA a fim de ser emitido o título da propriedade.

Os estudos realizados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para a identificação e delimitação do território concluíram que a área de uso tradicional é de 301 hectares, nestes incluídas as águas da barragem de três rios que nascem e/ou passam pelas terras onde famílias quilombolas vivem, pelo menos, desde a segunda metade do século XIX.

A barragem, com área aproximada de 100ha, ficou fora do território quilombola para atender exigência da Marinha do Brasil, que considera a barragem como de segurança nacional levando-a, inclusive, a recusar o uso compartilhado com a comunidade daquelas águas, uma das suas fontes de alimentação. Continue lendo »


Dia Nacional de Paralização na Bahia

10/05/2016

Dia 10 1

Manifestações contra o golpe estão sendo realizadas nesta terça-feira em diversas cidades da Bahia. Rodovias e grandes avenidas estão bloqueadas por manifestantes, que queimaram pneus e outros materiais nas pistas, a exemplo da BR 324 (sentidos Salvador-Feira-Salvador), e a BR 116, em Vitória da Conquista. Em Salvador foram bloqueadas as avenidas Suburbana, Sete de Setembro e Paralela. Há previsão que às 17h será bloqueada a região do Shopping da Bahia, próxima ao centro financeiro da cidade.

Dia 10 2

Os protestos contra o golpe jurídico-parlamentar, por mais direitos e pela democracia são promovidos pelas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, que abarcam as centrais sindicais, movimentos sociais, entidades diversas.

“O governo Temer será inviável, iremos parar esse país, não vamos legitimar um presidente golpista”, afirmou Cedro Silva, presidente da CUT BAHIA.

Dia 10 5

Hoje as aulas foram suspensas na Universidade Federal da Bahia e manifestantes bloquearam o acesso aos portões principais, como se vê nas fotos.

“Não daremos paz a esse governo ilegitimo, Michel Temer não vai governar esse país através de uma eleição indireta que tenta invalidar mais de 54 milhões de votos do povo brasileiro!”, garantiu a professora Celli Tafarel.

Em Vitória da Conquista cerca de 300 manifestantes trancam a BR 116 na altura do Distrito Industrial e disseram que foram às ruas “denunciar a ilegalidade do processo de impeachment, as articulações espúrias de Michel Temer e Eduardo Cunha, e a manipulação midiática dos grandes meios de comunicação, em especial a Rede Globo”, segundo Guilherme Ribeiro, da Coordenação Nacional do Levante Popular da Juventude.

Dia 10 4

(Informações e fotos obtidas via WhatsApp)


Mega corporações e o uso do Estado para fins particularistas

25/03/2016

odebrecht

A jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, na sua coluna desta sexta-feira (25) afirma que, segundo suas fontes, a lista encontrada na casa de um diretor da Odebrecht com nomes de mais de 300 políticos “é só aperitivo” do que existe nos arquivos da empresa.

A fonte da jornalista assegura também que a disposição dos donos da Odebrecht de colaborar definitivamente com as investigações é demonstração cabal de que a empresa reconhece que “a casa caiu”, ou seja, que os investigadores chegaram ao coração do sistema de caixa dois da empresa. Assim como as demais grandes empreiteiras, a Odebrecht sempre se beneficiou e cresceu mamando – sem controles – em contratos de obras públicas superfaturadas e, em contrapartida, sempre garantiram a grana para que os políticos que primam em se lambuzar com dinheiro público pudessem lastrear a luta pelo poder.   Continue lendo »


Quaderna, O Encantado, de Edinilson Motta Pará, estreia sábado, 2, no Teatro SESI Rio Vermelho, 20h

22/03/2016
Ricardo Stewart faz Quaderna. Foto Maurício Requião

Ricardo Stewart faz Quaderna. Foto Maurício Requião

Quaderna, O Encantado, história sobre conquistas, batalhas e lutas pela criação de um Reino no Sertão do Brasil.

Estreia no primeiro sábado de abril (2), no Teatro SESI Rio Vermelho, às 20h, o monólogo Quaderna, O Encantado, cujo texto, direção e iluminação é de Edinilson Motta Pará. Em cena o ator Ricardo Stewart (ficha técnica completa ao final do texto). A peça será encenada aos sábados e domingos de abril. O relato é costurado por elementos sonoros e visuais do universo sertanejo: lamentos, súplicas, cantos, louvores, prosas, poesias, cantos e sons armoriais, vozes, lamúrias, aboios, sons de chocalhos, apitos, etc. A trilha sonora e musical é executada ao vivo por um músico/personagem que divide o palco com o ator. Continue lendo »


XXXVI MARCHA DA CONSCIÊNCIA NEGRA ZUMBI DOS PALMARES 20 de NOVEMBRO

19/11/2015
Foto Fernando Vivas Ag. A Tarde

Foto Fernando Vivas Ag. A Tarde

A partir das 14s no Campo Grande começará a concentração da grande marcha da consciência negra de Salvador. Neste ano foram destacadas pela CONEN os temas da Década Internacional Afrodescendente e “Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento”. Uma personagem especial estará sendo homenageada pela Marcha, o líder negro norte-americano Malcom X, assassinado em 1965, portanto há 50 anos.

COORDENAÇÃO NACIONAL DE ENTIDADES NEGRAS – CONEN                                                                                                                                               FÓRUM CONEN – BAHIA

Novembro : mês da consciência negra conen 2015

XXXV MARCHA DA CONSCIÊNCIA NEGRA ZUMBI DOS PALMARES

2015 – 2024 : DÉCADA INTERNACIONAL AFRODESCENDENTE                 “ RECONHECIMENTO, JUSTIÇA E DESENVOLVIMENTO ”

1925 – 2015 : 50 ANOS SEM MALCOLM X

1995 – 2015 : JORNADA NACIONAL CONEN ZUMBI +20

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DE CUÍCA DE SANTO AMARO PARA O QUILOMBO RIO DOS MACACOS

29/09/2015

https://www.youtube.com/watch?v=dekX4o6UUHI

Na próxima segunda-feira (5), às 20h, na Sala Walter da Silveira, será realizada sessão especial do filme documentário Cuíca de Santo Amaro (direção Joel de Almeida e Josias Pires, 2012, 74 min).

A sessão especial, com ingressos a R$20, visa a arrecadação de recursos para contribuir com a finalização do documentário Quilombo Rio dos Macacos, de Josias Pires, em fase de montagem. O filme documenta a luta daqueles quilombolas em conflito com a Marinha do Brasil pela propriedade das suas terras.

A exibição do Cuíca é mais uma atividade da campanha de crowdfunding, através do site Benfeitoria.com (acesse aqui) que está sendo realizada pela produção do filme sobre o quilombo. A campanha será encerrada no próximo dia 10 de outubro.

O documentário de longa metragem sobre o quilombo Rio dos Macacos é um desdobramento do web-doc Quilombo Rio do Macaco  (direção Josias Pires, 2011, 10 min),  o primeiro material audiovisual divulgado na Internet sobre o quilombo.

O que: Exibição do filme Cuíca de Santo Amaro

Onde: Sala Walter da Silveira / Salvador/BA
Quando: dia 05/10, próxima segunda-feira,  às 20 horas

Ingressos: R$ 20,00


Pistoleiros atacam aldeia Pataxó do Kaí, na Terra Indígena Comexatiba, no Extremo-Sul da Bahia

12/08/2015

 

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Oca incendiada por pistoleiros

A Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ) denunciou nesta quarta-feira (12), por meio de nota pública, atos de violência cometidos contra índios Pataxós que vivem no município do Prado. Segundo relatos obtidos pela Associação, o ataque se deu por volta das 00:30min da terça-feira (11) a uma oca de artesanato do índio pataxó Xawã (Ricardo), filho da pajé (Jovita), que é também vice-cacique e do cacique da comunidade indígena. Os agressores incendiaram a casa e todo o material – avaliado em R$ 22 mil – foi perdido, inclusive roupas e objetos utilizados em cerimônias religiosas e atividades culturais.

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Restou apenas a fachada da oca

Uma nova tentativa de agressão ocorreu por volta da meia noite da terça feira (11), quando os pistoleiros retornaram à aldeia Kaí em dois carros e várias motos e tentaram queimar a casa do pataxó Lucas. Segundo Ricardo pataxó, os índios estavam reunidos na escola, haviam saído das casas, traumatizados pelo ataque do dia anterior. Quando viram os carros, reagiram e os agressores fugiram.

Leia a íntegra da nota: Continue lendo »


Marinheiros agridem quilombola de Rio dos Macacos no sábado à noite dentro da Vila Naval

02/08/2015

 

Sobrinho de Rose 4

Evanildo Souza dos Santos, 17 anos, sobrinho da líder quilombola de Rio dos Macacos, Rosemeire Santos Silva  sofreu diversas agressões, por volta das 22h de sábado (1/08), no interior da Vila Naval da Barragem. Foram escoriações em diversas partes do corpo e um corte profundo na cabeça.

De acordo com Rosemeire a violência contra o menor foi praticada por cerca de 20 militares – parte deles estava fardada e outra parte à paisana. No momento da agressão, Evanildo estava acompanhado do pai, Edson dos Santos, do tio, Ednei dos Santos e de um irmão, Ivan, de 14 anos.

– Eles estavam voltando para casa, quando foram abordados pelos militares. Meu sobrinho foi acusado de ter tentado agredir a filha de um morador da Vila Naval e de tentar assaltar casas de militares. Isto é um absurdo, mentira, garantiu Rose.

Ela conta também que depois de ter sofrido a agressão, o garoto ficou desaparecido por algum tempo e seus familiares temeram que tivesse sido assassinado. Algum tempo depois, foi visto no interior de uma viatura policial, na portaria da Vila Naval, todo ensanguentado. Os policiais disseram a ela que foram chamados por militares da Marinha, sob a alegação de que havia “quatro vagabundos dentro da Vila Naval” que deveriam ser presos.

Depois de esclarecido que todos eram moradores do quilombo, o rapaz foi levado pelos policiais ao Hospital do Subúrbio e recebeu pontos no corte feito na cabeça. Os familiares de Rose e os policiais foram para a Delegacia do Menor, em Brotas, onde registraram queixa. A garota supostamente ameaçada pelo menor foi à Delegacia também e negou as acusações contra o menor desferidas pelos militares.

Sobrinho de Rose 2

Sobrinho de Rose 3

Sobrinho de Rose 4


Revista Muito publica reportagem de capa sobre Quilombo Rio dos Macacos

20/07/2015

muito capa

“Impasse histórico” e “Terra partida” são os títulos da reportagem de capa da revista Muito (jornal A Tarde), escrita por Tatiana Mendonça, com fotos de Fernando Vivas, publicada domingo (19). O texto mostra o isolamento, o desamparo e a precária qualidade de vida dos quilombolas de Rio dos Macacos, e a resistência daquelas pessoas em sua longa convivência conflituosa com a Marinha do Brasil. A repórter teve a oportunidade de acompanhar mais uma das inúmeras reuniões dos quilombolas com representantes do governo federal na tentativa de encontrar solução para o impasse; e pontua uma das questões principais neste momento: a intransigência da Marinha em recusar a proposta de uso compartilhado das águas da barragem de Rio dos Macacos. Construída no final da década de 1950, a barragem deveria servir à Marinha e aos moradores de Paripe, segundo previa o documento da prefeitura de Salvador que doou a área para a Marinha. Apesar dos quilombolas sempre terem usado as águas da barragem para abastecimento e pesca, hoje a Marinha quer proibir o uso daquelas águas pela comunidade. Leia a reportagem completa.

https://blogbahianarede.files.wordpress.com/2015/07/impasse-histc3b3rico.pdf 


Financiamento coletivo para finalizar documentário “Quilombo Rio dos Macacos”

11/07/2015
Foto de Maria Ester Pereira

Foto de Maria Ester Pereira

por Josias Pires

A participação pode se dar a partir de R$ 25,00, com recompensas.

E com apenas R$ 1 mil será exibida a logomarca da empresa como apoiadora do projeto na cartela de Apoio Cultural do filme.

Por que fazer financiamento coletivo? Seria prova da falência do realizador incapaz de captar os volumosos recursos disponíveis pelas leis, canais e dutos do sistema audiovisual brasileiro? Ou seria uma opção pertinente para um filme cujo compromisso com o mercadão do cinemão é zero? Porque este é o caso desse filme feito a partir da contribuição milionária de todos os erros, como diria o poeta modernista; com câmaras de celulares dos quilombolas, de variado material produzido por diversos cinegrafistas que se mobilizaram na cidade para acompanhar – sobretudo em 2012 – a tragédia, o drama, a existência de um fato encoberto há 40 anos, envolvendo uma das forças armadas brasileira, a Marinha do Brasil e um grupo de cidadãos espoliados em seus direitos.

Tomei conhecimento dessa história no começo de novembro de 2011 e o pequeno filme Quilombo Rio do Macaco estava pronto no final de dezembro. Depois daquele web-doc, continuamos a acompanhar o assunto. Em 2013 fizemos o projeto do longa metragem para o Edital do Audiovisual da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, em nome de pessoa física, fazendo jus ao financiamento no valor de R$ 100 mil, o teto de captação. Os recursos foram utilizados nas etapas de pesquisa, pré-produção, produção e montagem; e possibilitaram uma documentação sistemática e intensa da comunidade e do processo, da luta e da vida no território. Permitiram também fazer a pesquisa e recolhimento de material disponível em várias fontes; fazer a preparação da montagem, decupagem, transcrição, organização do material que totalizou mais 150 horas, em programas de edição; etc. e a montagem propriamente dita, que está em curso, nas mãos de Cristina Amaral. renomada montadora do cinema brasileiro.

O propósito é finalizar o filme – executar os serviços de edição de som, mixagem, aluguel de estúdio de som, serviços de correção de cor, arte / letreiros, título etc. – ainda este ano, de modo que no início de 2016 esteja nas telas, em salas de festivais e em todos os espaços e janelas possíveis. Para isto são necessários recursos da ordem de R$ 50 mil. É um filme urgente que além de documentar o processo social, pretende contribuir com a reflexão sobre o momento presente do país, sobre aspectos da natureza da crise em que estamos mergulhados. Dado essa urgência, optamos pela agilidade possibilitada pelo financiamento coletivo para cobrir, pelo menos, parte do orçamento. Sem descartar outras possibilidades de obtenção de recursos para as etapas de exibição e distribuição, o financiamento coletivo, neste momento, é a melhor opção.

Participe, colabore e ajude a levar esse filme às telas!

Isto é exercício de cidadania, solidariedade, participação.

Página da Campanha Benfeitoria.com:  http://beta.benfeitoria.com/docquilomboriodosmacacos

Filme curto feito em 2011: https://www.youtube.com/watch?v=bwUXjUzqU6w

Página do filme no Facebook  https://www.facebook.com/quilomboriodosmacacosofilme 


Governo volta a reunir-se com quilombo Rio dos Macacos

08/07/2015

 

Barragem

Rio dos Macacos perde uso compartilhado de água da Barragem

O governo federal está realizando os procedimentos finais para regularização do território do quilombo Rio dos Macacos, com 104 hectares, e enviará uma equipe multidisciplinar, na próxima semana, para organização do espaço territorial em conjunto com os moradores. Quem informou foi Érika Borges, da Secretaria Geral da Presidência da República.

A delimitação do território em 104 has deixará de fora os corpos d’agua que sempre atenderam à comunidade e, inclusive, inviabiliza o uso compartilhado da Barragem. No documento de doação que a prefeitura fez para a Marinha da área da Barragem está dito que o usufruto seria do Subúrbio de Paripe. Isto nunca se deu, mas o fato de haver essa exigência demonstra de modo cabal que o uso da água da barragem pode, sim, ser compartilhado.

Um grupo de autoridades federais esteve no Quilombo Rio dos Macacos, na terça-feira passada (7).  Assim como já ocorreram outras vezes, os representantes do governo federal se reuniram com autoridades estaduais e municipais para discutir ações no quilombo. Desta vez um dos temas da pauta foi a construção de duas vias de acesso para a comunidade deixar de passar pela guarita da Vila Naval da Barragem.


Água da barragem ameaça quilombo Rio dos Macacos

20/05/2015

Um grupo de quilombolas de Rio dos Macacos fez um protesto na tarde desta quarta-feira (20), em frente a entrada da Vila Naval da Barragem, pedindo providências urgentes para evitar uma tragédia no quilombo. Devido as fortes chuvas das últimas semanas, o nível da barragem subiu demasiadamente, ameaçando atingir os barracos mais próximos do corpo d’água.

– Estamos aqui protestando, exigindo providências urgentes, pois as águas podem derrubar as nossas moradias, desabafou Rosemeire dos Santos, líder quilombola.

Outro quilombola, José Araújo, informou que o comandante do II Distrito Naval esteve nesta quarta-feira no quilombo, quando pode ver de perto o risco que a comunidade está passando.

– A Marinha deveria ter dado a devida manutenção para evitar que o nível das águas subisse tanto. Pedi ao comandante que abrisse as comportas da barragem o máximo possível. Pois assim as águas irão baixar, explicou José Araújo.


Quilombolas questionam Nação para privilegiados

11/05/2015
D. Olinda de Oliveira e seu irmão Luiz mostram Autorização emitida pela Marinha para que possam ter acesso à sua própria residência

D. Olinda de Oliveira e seu irmão Luiz mostram Autorização emitida pela Marinha para que possam ter acesso à sua própria residência

Dona Olinda, quilombola de Rio dos Macacos, depois de viver décadas – como toda a comunidade – acossada por diversos tipos de violência praticada pela Marinha do Brasil, pergunta: qual a Nação que a Marinha diz defender?

Será a nação dos privilegiados, dos herdeiros da aristocracia racista, autoritária, elitista? E como fica a nação constituída pelos negros, indígenas e pobres historicamente espoliados e despossuídos?

De qual Nação estamos falando? Quilombo Rio dos Macacos, o filme, documenta a luta de quilombolas que afirmam o seu direito à terra e, portanto, questionam o próprio conteúdo material do conceito de Nação.


Filme contará a história do quilombo Rio dos Macacos

01/05/2015

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O filme documentário Quilombo Rio dos Macacos, em processo de montagem, contará a história da comunidade e da sua luta. O quilombo reúne cerca de 50 famílias de agricultores e pescadores na divisa das cidades de Salvador e Simões Filho (BA). No final da década de 1950 e início de 60 as fazendas em que viviam aquelas famílias foram doadas à Marinha do Brasil.

A partir dos anos 1970, com a construção da Vila Naval da Barragem, condomínio residencial de suboficiais da Marinha, em área da Fazenda Macaco, começaram os conflitos, que só fizeram recrudescer nos últimos anos. Continue lendo »


Seabra(BA): estudantes vão às ruas em defesa de trabalhador@s de escolas públicas

21/03/2015

Do Facebook de

Seabra, 20 de Março de 2015.

Tod@s nós sabemos da importância da educação para a sociedade e que a escola é o espaço de educação sistematizada, onde @s alun@s desenvolvem conhecimentos e habilidades sobre as ciências, as artes e esporte e se constroem enquanto indivíduos/cidadãos.

Sabemos também que a educação pública neste país é sucateada, faltam investimentos, mas sobram burocracias que impedem o fortalecimento das escolas públicas. É conhecimento de tod@s as dificuldades enfrentadas pelos professores pela baixa remuneração, más condições de trabalho e desvalorização da profissão.

Mas, o que sabemos sobre o trabalho de profissionais essenciais para o funcionamento das escolas? Quantos de nós pensamos no trabalho d@s porteir@s, d@s merendeir@s, do pessoal da secretaria e da limpeza? Pois bem, na educação pública estadual da Bahia, esses serviços são TERCEIRIZADOS! Esses profissionais, fundamentais para a escola, recebem baixos salários, não tem estabilidade na profissão e vem enfrentando sérios problemas relacionados a direitos trabalhistas, a saber:

– Estão sem receber o vale-alimentação regularizado, há 13 meses. Estavam recebendo um valor mais baixo e descobriram que deveriam receber cerca de R$ 100,00 a mais;

– Em 2013, não receberam o salário nos meses fevereiro e março. Ainda hoje essas pendências não foram regularizadas;

– Em 2015 ainda não receberam o salário de fevereiro nem março. Alguns funcionários não recebem há três meses;


MPF/BA apura possível violação de direitos humanos em ação policial que resultou em mortes no Cabula

11/02/2015

O Ministério Público Federal na Bahia (MPF/BA) instaurou na terça-feira, 10 de fevereiro, inquérito civil a fim de apurar possível violação de direitos humanos em atos praticados por policiais militares da Rondesp, em abordagem ocorrida na última sexta-feira, 6, a um grupo de pessoas na Estrada de Barreiras, no bairro do Cabula, em Salvador/BA. A ação policial resultou na morte de 13 pessoas, deixando feridas outras três, sem que se tenha notícia de qualquer sindicância instaurada a fim de apurar eventuais excessos por parte dos agentes. O caso também será apurado pelo Ofício Criminal do MPF/BA. Continue lendo »


Chacina dos 12 do Cabula: a PM matou gente desarmada?

10/02/2015

A versão da polícia de que a chacina do Cabula teria sido inevitável, pois os suspeitos estavam armados, iriam assaltar uma agencia bancaria e receberam os agentes da lei à bala está sendo desmentida por testemunhas que declararam à imprensa, durante o enterro de seis dos assassinados, que os rapazes estavam desarmados. Continue lendo »


Morre o Sambador Manezin de Izaias

10/02/2015
Foto semana Cultural Riachão - Evandro Matos

Foto semana Cultural Riachão – Evandro Matos

Por Josias Pires

Acabei de receber a notícia por meio de mensagem eletrônica encaminhada pelo jornalista Evandro Matos. A morte colheu o sambador na noite de segunda-feira passada (09), em sua residência, na avenida J.J. Seabra, Riachão do Jacuípe, a cerca de 200 Km de Salvador.

Afamado sambador de Riachão do Jacuípe, Manezin de Izaias é co-autor de um dos grandes sucessos do Carnaval da Bahia, a música “Quixabeira”, adaptada por Carlinhos Brown e gravada pelo próprio Brown e mais Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Betânia, Gilberto Gil, banda Cheiro de Amor e muitos outros:

https://www.youtube.com/watch?v=3QjsedRXg9Q

A canção “Quixabeira”, na verdade, é uma colagem que Carlinhos Brown fez de três músicas gravadas originalmente como de domínio público no long-play “Da Quixabeira Pro Berço do Rio” , produzido por Bernard von der Weid, em 1992, reunindo 40 cantos de trabalho, chulas, batuques e rodas de quatro município do sertão da Bahia (Feira de Santana, Serrinha, Araci e Valente). Continue lendo »


O começo do fim do ciclo petista

03/02/2015

Ciclo PT

Por Josias Pires

Parece fora de dúvida que a eleição de Cunha é forte indicador da crise política em que mergulhamos, quando forças econômicas aliadas a políticos nefastos lograram capturar o poder Legislativo para realizarem a baixa política a que estão acostumados, pois entraram na atividade partidária exatamente para fazer negócios legais e ilegais – reproduzindo a lógica dos 300 picaretas aos quais se referia o Luis Inácio de outros tempos. Continue lendo »


Dia de Santos Reis

06/01/2015

por Josias Pires

Hoje é o dia de Santos Reis, um desses dias mágicos do calendário cristão, dias especiais apropriados de calendários pagãos/ de culto ao Sol.

Epifania. Logo cedo abri o computador e vi o texto de Marcus Gusmão no Licuri com sua homenagem ao primo e amigo Mazinho, nascido no dia de Santos Reis. http://licuri.wordpress.com/2015/01/06/o-dia-de-irismar-reis/

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2014: o fim das ilusões desenvolvimentistas

30/12/2014

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Na excelente entrevista ao Correio da Cidadania, publicada esta semana, o filósofo franco-brasileiro Michel Löwi define do modo preciso o caráter do regime político-econômico brasileiro da última década: social-liberalismo.”O espírito do social-liberalismo – e acho que os governos do PT no Brasil o representam muito bem – é o seguinte: “vamos fazer tudo o que pudermos pelos pobres com a condição de não mexer nos privilégios dos ricos”. E a fórmula matemática do social-liberalismo é, por exemplo, o orçamento da agricultura no Brasil: 90% para o agronegócio e 10% para a agricultura familiar. Claro, esses 10% fazem uma diferença. É uma ajuda importante, mas há uma desproporção enorme”. Mais avançado do que seu congênere europeu, o social-liberalismo é a versão possível da esquerda no poder do Brasil, Uruguai, Argentina; e que é bem diferente da esquerda no poder da Bolívia, Venezuela, Equador, cujos partidos governantes assumem claramente o compromisso com a construção do socialismo.Com todos os problemas e consequências. Entre nós esta palavra anda fora de moda e igualmente fora do vocabulário petista no poder. Apesar deste fato, o filósofo vê a América Latina como a referência das lutas de esquerda hoje no mundo. Ele veio ao Brasil lançar o livro ‘A Jaula de Aço: Max Weber e o marxismo weberiano’ e trata aqui de temas palpitantes da política mundial. Leia a entrevista completa. (Josias Pires) Continue lendo »


9a. Mostra de Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul, Sala Walter da Silveira 18 a 23/11

17/11/2014

Lucia Murat

Salvador sedia a partir desta terça-feira (18) uma mostra de mais de 30 filmes reunidos pelo tema dos direitos humanos. Oportunidade rara para ver e refletir sobre a nossa história recente. O evento ocorrerá na Sala Walter da Silveira, o primeiro filme “Que bom te ver viva”, de Lúcia Murat (1989, 95′), será exibido às 19h, entrada franca. Com filmes de vários países da América Latina, que participam de uma Mostra Competitiva; haverá também a Mostra Memória e Verdade, que terá sessões seguidas de debates; e a Mostra Lúcia Murat, com a exibição de cinco filmes desta diretora que mergulha em profundidade no período mais duro da repressão militar no Brasil e, ao mesmo tempo, quando explode a contracultura no mundo (Josias Pires).

Veja aqui a programação completa: Continue lendo »


Marcha de protesto em Paripe no dia de Finados

03/11/2014


Amigos de quilombola de Rio dos Macacos assassinado fazem marcha de protesto em Paripe

02/11/2014

02 Nov Moises

Por Josias Pires

A luta pelo fim das desigualdades sociais, pelo fim do culto à violência e por Justiça só terá êxito se mobilizar a cada um de nós e a todos nós juntos.

No dia de Finados, em geral, todos nós temos os nossos mortos a reverenciar, geralmente em silêncio e, algumas vezes, ate mesmo sozinhos. Mas para um indignado grupo de jovens e crianças, adultos e idosos do quilombo de Rio dos Macacos este domingo de finados (02) foi um dia de protesto e para clamar por Justiça no caso do assassinato de Moisés Araújo dos Santos, 20 anos, filho do líder quilombola de Rio dos Macacos Zezinho (José Araújo dos Santos). Continue lendo »


Sinais trocados, por André Singer

01/11/2014

André Singer chama a atenção para algo fundamental: a disputa simbólica em torno das melhores alternativas para o país. Como iremos suprimir as desigualdades sociais e fazer funcionar um Estado falido como provedor de serviços públicos de alta qualidade. Entendo também que o alerta feito por André Singer deveria ser escutado com a devida atenção pelos comandantes do PT na medida em que este partido, isto ouvi esta semana da boca do deputado Arlindo Chinaglia, que o PT abriu mão da disputa ideológica. Inteiramente certo. Abriu mão da disputa simbólica. No último Congresso do partido a questão da Cultura foi tratada como nota de pé de página. Ao acenar com a disputa ideológica no momento eleitoral e trocar de sinais no dia seguinte às eleições, a presidente petista embaralha o jogo. Pra que falar em Banco Central Independente se o ministro da Fazenda pode ser o presidente do Bradesco? Continue lendo »


Filho de quilombola de Rio dos Macacos é assassinado

31/10/2014

Zezinho

por Josias Pires

Na segunda-feira passada (27/10) foi assassinado em Salvador o jovem Moisés dos Santos, 20 anos, filho do quilombola de Rio dos Macacos José Araújo dos Santos, Zezinho (foto), como é por todos conhecido. Zezinho é filho do falecido Severo da Rabeca, natural daquelas fazendas situadas nas terras da Baía de Aratu. Severo da Rabeca levou este nome porque era um exímio carpinteiro e fabricava rabecas usadas nos sambas de Reis, carurus e outras festas do local.

Zezinho herdou do pai a perícia do artesão e fabrica colheres de pau e outros objetos de madeira. Nos últimos anos a produção caiu quase a zero, pois o acirramento dos conflitos com a Marinha do Brasil levou a comunidade à beira da exaustão, da expulsão, do extermínio: a partir de 2010, por decisão implacável de um juiz federal todos os direitos fundamentais ficaram fora do alcance daquelas pessoas: não poderiam ter água, luz, habitação, nem plantar, colher ou pescar; e deveriam ser expulsos dali. Apartheid legal? Um paradoxo insuportável para a democracia.

Canudos é aqui e agora? A luta do quilombo de Rio dos Macacos é a luta dos pobres, despossuídos que defendem a posse da terra e respeito à sua dignidade contra a mentalidade e prática aristocráticas, racistas que prevalecem entre os privilegiados do Brasil Oficial. Apesar de todas as dificuldades esta luta avança, porém recheada de pesadelos do Brasil Real onde vive e morre os brasileiros pobres. Continue lendo »


Copa do Mundo Alemanha 7 x 1 Brasil: as capas dos jornais

09/07/2014
De Carta Capital

John MacDougall / AFP
Jornais

Capas de jornais da Alemanha registram a vitória histórica diante do Brasil

Se o Brasil tivesse um campeonato para escolher a melhor capa de um jornal para a Copa do Mundo, o Meia Hora, do Rio de Janeiro, seria campeão com louvor.

Após a humilhação suprema sofrida pela seleção brasileira no Mineirão, na terça-feira 8, o jornal carioca emplacou a manchete “Não vai ter capa”, em alusão ao famigerado slogan “Não vai ter Copa” que precedeu a realização do mundial.

Conhecido pelas manchetes e capas satíricas, o Meia Hora afirmou que, diante da goleada de 7 a 1 para a Alemanha, hoje não conseguiria fazer capa.

Outros dois jornais que foram muito bem nas capas deste 9 de julho foram o A Tarde, de Salvador, e o Extra, também do Rio de Janeiro. O primeiro “enterrou” a seleção e se disse “morto de vergonha”. O segundo parabenizou os vice-campeões de 1950, que até a terça-feira carregavam o título de donos da maior vergonha do futebol brasileiro.

Na Europa, os jornais esportivos também aproveitaram o vexame do Brasil para se regozijar. Abaixo, as capas do português A Bola, do italiano Corriere dello Sport (“Humilhados”) e do espanhol AS.

Abaixo, o Marca, também da Espanha, e o argentino Olé, que ironizou a busca pelo hexacampeonato. O francês L’Equipe preferiu elogiar a Alemanha e o meia Toni Kroos, um dos melhores em campo: “Fantástico”.


Roberto DaMatta: Derrota vai fazer Brasil acordar para problemas

09/07/2014
Torcedores (Getty)

Para antropólogo, frustração e revolta nas arquibancadas pode transbordar para outras áreas

O placar de 7 a 1 para a Alemanha vai afetar a autoestima dos brasileiros, tão ligada ao futebol, e transbordar para outras áreas. A opinião é do antropólogo e escritor Roberto DaMatta, que conversou com a BBC Brasil logo após o jogo desta terça-feira.

“O futebol nos deu, sim, autoestima, mas não podemos reduzir o Brasil a isso. Essa derrota vai fazer o Brasil acordar e ter lucidez para lidar com seus problemas, em termos de segurança, saúde e especialmente no mundo da política, já que a eleição está aí”, disse.

O antropólogo diz lamentar a derrota do Brasil, mas vê uma compensação no fato de que ela vai abrir os olhos de muita gente. “Não sabemos ainda como, mas que vai haver um transbordamento para outras áreas, isso vai.”

Frustração

Para DaMatta, a frustração e como lidar com ela é algo importante para o brasileiro e isso pode impulsioná-lo a ter uma visão diferente, com mais nitidez, das mazelas nacionais.

E essa mudança ganha mais peso diante do placar dramático. “É preciso ter em mente que 7 a 1 é mais que uma simples derrota, é uma demonstração clara de que estávamos vivendo uma ilusão”, disse DaMatta, que já analisou o Brasil por meio do futebol em diversos textos. Alguns deles reunidos no livro “A bola corre mais que os homens – duas Copas”.

O antropólogo acredita que o golpe na autoestima do brasileiro com o jogo desta terça-feira terá reflexos nas próximas semanas, até a eleição, e também depois disso, até os jogos de 2016.

Essa derrota vai fazer o Brasil acordar e ter lucidez para lidar com seus problemas

Roberto DaMatta

“A Olimpíada está aí e, com essa derrota, será preciso lidar com as questões nacionais, porque ela vai colocar o país em xeque de uma maneira brutal, especialmente na área da política pública.”

Alegria do povo?

Saindo da esfera pública e voltando para o estádio em si, DaMatta acredita que o baque contra a Alemanha é uma chance para se reorganizar o futebol no Brasil.

“Para mim, com a minha cabeça de quase 80 anos e assistindo futebol desde o s 10, esse jogo de foi o fim de um ciclo. Vi o início do futebol aqui, sua ascensão, e agora isso. É como se fosse o fim do futebol-alegria-do-povo.”

O antropólogo acredita que a goleada vai provocar a reorganização do mercado do futebol no Brasil.

“O futebol da seleção vai ser desmitificado. Porque o que vemos atualmente é a magia do marketing e não do futebol – e isso precisa mudar.”

DaMatta critica o que chama de criação de mitos, formando um cenário que, para ele, parece Hollywood.

“A saída do Neymar, por exemplo, exemplifica bem isso. Cantar o hino segurando a camisa dele? Ele morreu? O Pelé se machucou e ganhamos a Copa em 62”, diz o antropólogo, acrescentando que agora vai torcer para a Argentina. “Em nome dos latino-americanos.”

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A Globo e as raízes do subdesenvolvimento do futebol brasileiro

09/07/2014

Os bravos jornalistas da CBN foram rápidos no gatilho: os 7 x 1 da Alemanha comprovam que a presidente Dilma Rousseff é “pé frio”.

Pé frio é bobagem. Não é o que dizem de Galvão Bueno?

Como são analistas sofisticados, da política e da economia, poderiam afirmar que Dilma talvez seja culpada – assim como Lula, Fernando Henrique Cardoso e outros presidentes – por não ter entrado na batalha pela modernização do futebol brasileiro.

Poderiam ter avançado mais no diagnóstico. Explicado que a maior derrota do futebol brasileiro – e latino-americano em geral – estava no fato de que a maioria absoluta dos seus jogadores serem de times europeus, da combalida Espanha, da Alemanha, Inglaterra e França.

Ali estaria a prova maior do subdesenvolvimento do futebol brasileiro, um mero exportador de mão-de-obra para o produto acabado europeu, campeonatos riquíssimos mesmo em períodos de crise.

Mas a questão principal é quem colocou na copa da árvore o jabuti do subdesenvolvimento futebolístico brasileiro.

Se quisessem aprofundar mais, poderiam mostrar conhecimento e erudição esportiva reportando-se a uma tarde de julho de 1921, em Jersey City,  quando surgiu o primeiro Galvão Bueno da história, o locutor J. Andrew White, pugilista amador, preparando-se para narrar a luta história de Jack Dempsey vs George Carpentier para a Radio Corporation of America (RCA). 61 cidades tinham montado seus “salões de rádio” para um público estimado em centenas de milhares de ouvinte.

O que era apenas um hobby de radio amadores, tornou-se, a partir de então, o evento mais prestigiado nas radio transmissões.

Se não fosse cansar demais os ouvintes da CBN, os brilhantes analistas poderiam historiar, um pouco, a importância das transmissões esportivas para o que se tornaria o mais influente personagem do século no mercado de opinião: os grupos de mídia.

Mostrariam como foram criadas as redes, desenvolvidas as grades de programação, planejados os grandes eventos, como âncoras centrais da audiência.

Depois, avançariam nos demais aspectos dos grupos de mídia.

Num assomo de modéstia, reconheceriam que, em um grupo de mídia, a relevância do jornalismo é diretamente proporcional à audiência total; e a audiência depende fundamentalmente desses eventos âncora. Por isso mesmo, foi o futebol que garantiu o prestígio e a influência do jornalismo.

Não se vá exigir que descrevam a estratégia da Globo para tornar-se o maior grupo de mídia do Brasil e da América Latina. Mas se avançassem lembrariam que os eventos consolidadores foram o carnaval carioca e o futebol, pavimentando o caminho das novelas e do Jornal Nacional.

Algum entrevistado imprevisto, especialista em segurança, ou na sociologia do crime, poderia lembrar que, para conseguir o monopólio de ambos os eventos, a grande Globo precisou negociar, numa ponta, com os bicheiros que dominavam a Associação das Escolas de Samba do Rio; na outra, com os cartolas que desde sempre dominavam a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), desde os tempos em que era CDB (Confederação Brasileira dos Desportos).

Para não pegar mal para a Globo, diria que a grande emissora foi vítima do anacronismo da sociedade brasileira, que a obriga a entrar no pântano sem se sujar.

Aos ouvintes ficariam as conclusões mais pesadas.

Graças ao submundo dos bicheiros e cartolas, a Globo venceu a competição na radiodifusão. E graças à Globo, bicheiros e cartolas conquistaram um enorme poder junto à superestrutura do Estado brasileiro, um extraordinário jogo de ganha-ganha em que o sistema bicheiros-Globo e cartolas-Globo ganharam uma expressão política inédita e uma blindagem excepcional. Ainda mais se se considerar que o primeiro setor vive da contravenção e o segundo está mergulhado até a raiz do cabelo nos esquemas internacionais de lavagem de dinheiro, através do comércio de jogadores.

Aí a matriz de responsabilidades começa a ficar um pouco mais clara.

Um especialista em direito econômico poderia analisar o abuso de poder econômico na compra de campeonatos e os prejuízos ao consumidor, com a Globo adquirindo a totalidade dos campeonatos e transmitindo apenas parte dos jogos.

Para tornar mais ilustrativo o episódio, poderia se reconstituir a tentativa da Record de entrar no leilão e a maneira como a Globo cooptou diversos clubes, adiantando direitos de transmissão para impedir o avanço da concorrente. Ou, então, as tentativas de dirigentes mais modernos de se livrar do jugo da CBF. E como todos foram esmagados pelo poder financeiro da aliança CBF-Globo.

De degrau em degrau, de episódio em episódio, se chegaria ao busílis da questão, o bolor fétido que emana da CBF e que até hoje impediu que, no país do maior público consumidor, aquele em que o futebol é a maior paixão popular, o evento que mais vende produtos, mais galvaniza a atenção, não se consiga desenvolver uma economia esportiva moderna.

Completado o raciocínio, o distinto público da CBN entenderia os motivos do Brasil ser um mero exportador de jogadores, os clubes brasileiros serem arremedos de clube social, o fato de grandes investidores jamais terem ousado investir no evento esportivo de maior penetração no mundo, de jamais termos desenvolvidos técnicas em campo à altura do talento dos jogadores brasileiros.

A partir dai, ficaria claro as razões do subdesenvolvimento brasileiro e, forçando um pouco a barra, até a derrota de 7 x 1 para a Alemanha.

http://jornalggn.com.br/noticia/a-globo-e-as-raizes-do-subdesenvolvimento-do-futebol-brasileiro

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Aconteceu perto da sua casa

08/07/2014

Atendendo a sugestão do cineasta Fábio Rocha vi ontem (7) Aconteceu Perto Da Sua Casa (C’est Arrivé Près De Chez Vous) filme belga de 1992, feito por Rémy Belvaux, André Bonzel e Benoit Poelvoorde sobre um personagem serial killer Ben (Poelvoorde). O filme narra as íntimas relações do personagem com a equipe realizadora do suposto documentário.

Ben rouba e mata, inclusive, para levantar grana para a realização do filme. Refere-se à equipamentos e ângulos de filmagens, a filmes de gangster e terror. Ironicamente repugnante, a obra apropria-se de variados clichês para – poder-se-ia dizer – “denunciar” a banalização da violência, particularmente a violência no próprio cinema, que é um tema absolutamente central nos estúdios hollyoodianos, do qual este filme barato e aparentemente caseiro é a perfeita contraparte paródica.

Foi o vencedor do prêmio da crítica internacional no Festival de Cannes de 1992 – Prêmio André Cavens de Melhor Filme pela “Film Critics Association (UCC).


O assunto é cinema: O Homem de Lagoa Santa

08/07/2014
Intervalo das gravações:Diretor Renato,Rosangela Albano e o ator Chico Aníbal.

Intervalo das gravações:Diretor Renato,Rosangela Albano e o ator Chico Aníbal.

por Marcos Pierry

Fotógrafo, nascido em Belo Horizonte, mas radicado há bastante tempo no Rio de Janeiro, Renato Menezes foi um apaixonado pela história de Lagoa Santa. Depois de muitos anos de trabalho e persistência, Menezes concluiu em 2013 a produção de seu primeiro e único longa-metragem como diretor, O Homem de Lagoa Santa.

Coisa muito triste: Renato faleceu no dia 24 de junho, de maneira inesperada e repentina, na capital carioca. Sentiu dores, foi ao hospital fazer exames, precisou de uma cirurgia, fez a intervenção, o quadro se complicou e o cineasta não resistiu.

Sua partida pegou todos de surpresa – a esposa Lina, o filho Damião e os outros familiares, além dos inúmeros amigos do Rio e de Minas. Renato parecia estar bem de saúde e andava mais animado que o de costume nos últimos meses. Lagoa Santa tinha a ver com isso.

Ele realizou o sonho de exibir o filme na cidade, com platéia numerosa e ávida, na noite de 17 de dezembro passado. Mais de 300 pessoas lotaram o auditório da Escola Municipal Dr. Lund e, emocionadas, assistiram a recriação de Renato para o encontro do dinamarquês Lund com a riqueza natural, o povo e os costumes da região que o tornaria um pioneiro da paleontologia.

Peter Lund (1801-1880) chegou à Lagoa Santa em 1833, em busca de um clima ameno que lhe evitasse a tuberculose. Entre 1840 e 1843, Lund encontrou dezenas de crânios humanos em estado fóssil, um deles, na Gruta do Sumidouro, de aproximadamente 12 mil anos.

A descoberta reabriu as discussões sobre a origem do homem nas Américas e foi um dos motivos que fizeram do cientista um nome de peso, respeitado, entre outros pares, pelo naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), autor da célebre Teoria da Evolução.

De personalidade singular, Lund, formado em medicina, aliava às prospecções científicas o seu envolvimento crescente com a população local. Fazia consultas gratuitamente, ajudava a alforriar escravos, promovia festas e tomava parte nos eventos da própria comunidade. Outro fato que costuma ser mencionado em suas biografias é a troca de cartas com o importante filósofo, também dinamarquês, Soren Kierkegaard (1813-1855).

Uma história e tanto – quem mora em Lagoa Santa se acostuma a conviver com essa moral diferenciada, não da pura beleza da paisagem, mas do conhecimento dela extraído – que impressionou inúmeros artistas, dentre eles, o poeta Carlos Drummond de Andrade, e também cineastas, como Nelson Pereira dos Santos, que já desejou filmar o percurso de Lund, além de outros dois, que levaram Lagoa Santa e o dinamarquês para as telas: Humberto Mauro, em 1942, e José Sette de Barros, em 1978.

A eles se junta o nome de Renato Menezes, que, com o seu O Homem de Lagoa Santa, misturou com graça elementos ficcionais e documentais para narrar a paixão de uma grande figura do Velho Mundo por um lugar de especial magnetismo no horizonte das Geraes do Novo Mundo.

Renato fez parte da equipe que trabalhou com José Sette no curta-metragem de 78. E bem antes do ano de 2001, quando rodou as primeiras imagens de seu longa, já batalhava para fazer do projeto uma realidade. O Homem de Lagoa Santa foi produzido pelo Grupo Novo de Cinema e TV.

No elenco, estão os atores Chico Anibal, Luiz Hippert e artistas de Lagoa Santa, como Gercino Alves. O texto narrado em off pelo ator Marcos Caruso foi escrito por Silviano Santiago. Alguns outros créditos: a fotografia de Luiz Abramo, a música de Guilherme Vaz Pereira, a direção de arte de Sérgio Silveira e a montagem de Marta Luz.

A arqueóloga Rosângela Albano, do CAALE (Centro de Arqueologia Annette Laming Emperaire), e o paleontólogo Castor Castelle prestaram consultoria técnico-científica à produção. Tive a satisfação pessoal de dar uma força ao CAALE para viabilizar a sessão realizada em dezembro, que foi organizada pelo Centro.

Além do prazer de ver o filme reluzindo na tela, após zerarmos uma série de detalhes ao longo de semanas, fui recompensado com a alegria de ter conhecido o Renato por ocasião dessa projeção. Conversamos bastante eu, ele e o historiador Cleito Ribeiro, do CAALE, com quem pilotei a sessão.

Cinema, projetos futuros, uma possível estreia do longa em circuito agora em 2014, vida pessoal, cinema, minhas pesquisas sobre experimentalismo e o exercício da crítica, cinema, Julio Bressane, cinema, o período do exílio voluntário dele em Londres, cinema, a convivência e o aprendizado com mestres do cinema brasileiro, cinema, Rio de Janeiro, Bahia, Lagoa Santa, cinema, cinema, cinema…

Assunto não faltou naqueles encontros que antecederam a exibição. Nem a promessa de novo encontros – para uma entrevista quando ele retornasse à Lagoa Santa; para lhe expor o que achei do filme e me apresentar sua turma quando eu fosse ao Rio.

Outro dia, na feirinha de artesanato que acontece aos domingos na avenida Getúlio Vargas, às margens da Lagoa Central, alguém me chama: era Lina, que sempre está por aqui para visitar a família, com o catálogo de uma mostra (A História da Filosofia em 40 Filmes) que o Renato havia pedido para me entregar. Tinha certeza de que eu iria curtir.

Era assim o camarada. Papo firme, jeitão leve e capaz dessas pequenas gentilezas que fazem a vida valer a pena. Refiz, diante de Lina, a promessa de procurá-lo quando eu fosse ao Rio, algo que não tardaria. Estive lá na virada de maio para junho, mas não cumpri o prometido – nenhuma agenda de trabalho, por mais carregada, poderia justificar o lapso indelicado. Nunca vou me perdoar por isso. Agora somente quando (e se) eu chegar aí em cima, Renato. Foi mal.

Marcos Pierry é cineasta, crítico e professor de cinema.


Secretaria Geral da República publica nota sobre negociações com o Quilombo Rio dos Macacos

11/05/2014

Abaixo a nota com o ponto de vista da Secretaria Geral. Nela falta, evidentemente, a explicação de que da área proposta pelo governo ficaram de fora todos os cursos d’água da comunidade. O Ministério Público Federal propôs a definição de um protocolo de uso compartilhado da barragem, que preserve os interesses da segurança nacional e os da sobrevivência da comunidade (Josias Pires).

9 de Maio de 2014

A Secretaria-Geral da Presidência da República apresentou, na terça-feira (06/05), em Salvador (BA), a quinta proposta do Governo Federal para a resolução do conflito fundiário envolvendo a comunidade quilombola de Rio dos Macacos, em Simões Filho/BA. A proposta, entretanto, foi rejeitada pelos quilombolas presentes à reunião, que reivindicaram praticamente toda a área da Vila Naval da Barragem (278 dos 301 hectares) e o uso da barragem construída pela Marinha.

O ministro Gilberto Carvalho lamentou a rejeição da proposta e a postura adotada pelos representantes da comunidade de Rio dos Macacos: “Nos contatos preliminares à reunião, eles se mostravam muito propensos a aceitar o acordo. Fico triste por saber que, sem o acordo, quem vai sofrer são os próprios moradores da região.”, afirmou. Segundo o ministro, “não havendo o acordo, não há muito o que fazer, porque a Marinha não pode retirar a ação que move na Justiça, para reintegrar aquela área”. Segundo o ministro Gilberto Carvalho, o Governo Federal ainda está aberto a retomar as negociações, desde que os quilombolas revejam sua posição e aceitem a delimitação apresentada na reunião, uma vez que ela contempla os interesses dos diversos órgãos federais envolvidos na questão.

A proposta do Governo Federal foi construída por meio do diálogo entre diversos órgãos de governo, além da própria Secretaria-Geral: Ministério da Defesa, Marinha do Brasil, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Fundação Cultural Palmares e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Ela prevê a demarcação de 104 hectares dentro da área reivindicada pelos quilombolas, incluindo uma área da Marinha do Brasil de 86 hectares ao norte da barragem da Vila Naval, além de 6 hectares ao sul da Vila Naval, onde reside a família mais antiga da comunidade quilombola. O Governo Estadual, por sua vez, cederá 12 hectares contíguos ao terreno de propriedade da Marinha, na parte norte. Com isso, apenas uma das 40 famílias que vivem hoje no local precisaria se deslocar, o que seria feito apenas após a construção de uma nova casa. A proposta abrange ainda a elaboração de um projeto de aquicultura familiar, com o objetivo de garantir aos quilombolas a retomada de suas atividades pesqueiras, além de políticas públicas do Programa Brasil Quilombola, contemplando assistência técnica rural, saúde, educação e habitação, dentre outras áreas.

Histórico

A comunidade de Rio dos Macacos foi certificada como quilombola pela Fundação Cultural Palmares através da Portaria nº 165, de 27 de setembro de 2011, publicada no Diário Oficial da União em 04 de outubro daquele ano, na forma do Decreto 4.887/2003 e da Portaria 98/2007 da Fundação. A partir de então, o Incra deu início ao processo de identificação e delimitação territorial, no âmbito do qual foi elaborado laudo antropológico. Há registros do início do século XX da presença de moradores, ascendentes de ocupantes atuais da região, que deram origem ao quilombo de Rio dos Macacos a partir das fazendas Macaco, Meireles e Aratu. O laudo que serviu de base para o processo do Incra apontou preliminarmente uma área de 301 hectares como o território reivindicado pela comunidade quilombola. Este território coincide, quase que integralmente, com a área de propriedade da União administrada pela Marinha do Brasil, na qual funciona a Vila Naval da Barragem.

A vila abriga 400 servidores da Marinha com suas famílias, e a barragem lá localizada abastece a Base Naval de Aratu, segunda maior base da Marinha no país. Por conta da barragem da Vila Naval, a área em litígio é relevante para salvaguardar os interesses de defesa nacional, dado que a Base Naval deve ser independente da rede local de abastecimento de água e energia elétrica – Aratu conta com geradores próprios de energia.

A comunidade, apesar de ter características rurais (conforme relata o laudo antropológico do Incra), está localizada em região urbana e densamente povoada na região metropolitana de Salvador. Este é mais um fator que aumenta a complexidade do conflito fundiário, que envolve interesses protegidos constitucionalmente e reconhecidos pelo Estado brasileiro, quais sejam, a defesa nacional e a preservação das comunidades quilombolas, com a garantia das terras que ocupam tradicionalmente.

Atuação da Secretaria-Geral

A Secretaria-Geral foi procurada por moradores da região de Rio dos Macacos durante o Seminário Internacional “Convenção 169 da OIT: experiências e perspectivas”, realizado em março de 2012, promovido em parceria com a Organização Internacional do Trabalho. Naquele momento, a Fundação Palmares já havia reconhecido a comunidade como quilombola e o Incra encontrava dificuldades para realizar o trabalho de campo dentro da área da União.

Desde então, a Secretaria-Geral tem realizado uma mediação visando uma solução do impasse, garantindo o interesse da União na manutenção da área, bem como a preservação dos direitos da comunidade quilombola local. Essa atuação se dá através do diálogo com os integrantes da comunidade, da articulação entre os órgãos do Governo Federal envolvidos (Ministério da Defesa, Marinha do Brasil, Seppir, Incra e Fundação Palmares), além da articulação federativa com o Governo da Bahia e a Prefeitura de Simões Filho, sempre com o acompanhamento do Ministério Público Federal, por meio da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão e da Procuradoria Regional da República na Bahia.

Desse amplo processo de diálogo e articulação, surgiram as cinco propostas apresentadas até aqui pelo Governo Federal na negociação com a comunidade. Também como fruto deste processo, foram obtidas importantes conquistas para os quilombolas, que incluem a construção e reforma de casas com risco de desabamento, que será feita através de convênio entre o Ministério da Defesa e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano; a criação de um acesso independente para a comunidade, com a construção pelo Exército Brasileiro de uma estrada que ligará a BA-528 ao núcleo principal de moradias; autorização para construção de um centro comunitário para a Associação dos Remanescentes de Quilombo Rio dos Macacos; e a autorização para retomada do plantio e da criação de animais para subsistência.

Assim, a Secretaria-Geral tem trabalhado pela composição e conciliação dos interesses envolvidos nesta questão, com a clareza de que a solução pacífica e negociada é o melhor caminho, tanto para a preservação da comunidade quilombola e quanto para a garantia da defesa nacional.

http://www.secretariageral.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2014/05/09-05-2014-quilombolas-do-rio-dos-macacos-rejeitam-acordo-proposto-pelo-governo-federal-1

 


Marinha não pode retirar ação que move na Justiça para reintegrar aquela área”, diz ministro

10/05/2014

Declaração do ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto de Carvalho divulga pela Agencia Estado remete a situação de Rio dos Macacos, a partir de agora, à Justiça. Com essa declaração o ministro praticamente interrompe o processo de negociação que estava sendo mediado, com muita competência, pela subprocuradora geral da República, Débora Duprat e o horizonte continua indeterminado.

Foi concluída sem acordo a negociação entre os moradores do Quilombo Rio dos Macacos, na região metropolitana de Salvador, e o governo federal, pela posse da terra, hoje legalmente pertencente à Marinha, na qual os quilombolas vivem. Os militares pleiteiam na Justiça a remoção das cerca de 500 pessoas que moram no local. “Não havendo o acordo, não há muito o que fazer, porque a Marinha não pode retirar a ação que move na Justiça, para reintegrar aquela área”, diz o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que participou pessoalmente das negociações. “Agora, fica para a Justiça definir a questão. E isso vai se arrastar pelo tempo que a Justiça determinar.”

O governo chegou a apresentar uma proposta de doação de 106 hectares, no início da semana, aos moradores, que reivindicam a manutenção de 278 hectares dos cerca de 301 aos quais dizem ter direito. “Eles querem nos espremer em uma área que é nossa, não podemos aceitar”, justifica a líder dos quilombolas, Rose Meire dos Santos Silva. “Tínhamos 500 hectares, hoje temos 300 e querem nos tirar mais.”

Além da área, é entrave para o acordo a área do entorno da Barragem do Rio dos Macacos, única fonte de água da região. Os militares tentam vetar o acesso de civis ao local, por ser, segundo o governo federal, estratégico para o fornecimento de água e energia elétrica para o complexo militar, no qual vivem cerca de 400 integrantes da Marinha. “É um recurso natural que sempre serviu à comunidade, de onde até tiramos o sustento, com a pesca, quando é necessário”, argumenta Rose.

O ministro Gilberto Carvalho disse ter ficado “triste” com a conclusão das negociações sem um acordo. “Confesso que estava confiante que o acordo sairia”, contou. “A gente chegou a uma proposta de abrir mão de 106 hectares, para que nenhuma família da área tivesse de ser removida, além de abrir uma nova entrada para o quilombo (atualmente, a entrada é feita por um dos acessos da base naval), com uma estrada, e assegurar a reconstrução das casas, que estão muito precárias. Fico triste por saber que, sem o acordo, quem vai sofrer são os próprios moradores da região.”

Carvalho também disse ter “estranhado” uma suposta mudança de opinião repentina das lideranças do quilombo. “Nos contatos preliminares à reunião de ontem, eles se mostravam muito propensos a aceitar o acordo”, afirmou. “Não foi um acordo que veio do céu, foi um acordo que nós costuramos, por meio de muitas conversas com eles e com muito diálogo interno. Houve até tensões internas, a ponto de um comandante da base ter sido afastado, ido para a reserva, para que a Marinha cedesse um espaço aos quilombolas, uma vez que a Fundação Palmares os reconheceu como quilombolas.”

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MPF pede suspensão de processo judicial contra quilombolas de Rio dos Macacos

06/05/2014

Quilombo AP MPF

Por Josias Pires

Suspender o processo judicial movido pela Marinha do Brasil que tenta remover a comunidade quilombola de Rio dos Macacos de área de ocupação tradicional, propriedade da União, para que as negociações entre as partes prossiga sem o tipo de pressão que está sendo sofrida pelos quilombolas.

A posição foi defendida nesta terça-feira (06) pela subprocuradora-geral da República e coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF (6ª CCR), Deborah Duprat durante Audiência Pública realizada no Auditório do Ministério Público Federal (MPF) da Bahia, que reuniu quilombolas e representantes do Ministério da Defesa, da Marinha do Brasil e do Gabinete da Presidência da República e foi intermediada pelo MPF.

Para Deborah Duprat, a comunidade não tem condições de continuar negociando com a pressão de um processo judicial que já resultou em decisão para o despejo dos quilombolas. Em função do posicionamento adotado pelo MPF, o advogado Geral da União Bruno Cardoso, presente na audiência, explicou que a AGU só poderá interpor recursos pedindo a suspensão do processo judicial se houver consenso dentro do governo.

Apesar de abrigar famílias que vivem no local há mais de 100 anos, o juiz Evandro Reimão acolheu os argumentos da Marinha de que os quilombolas seriam invasores da área; e determinou a ação de despejo sem ouvir a parte afetada. Em março último o juiz decidiu impedir a reforma de barracos prestes a cair e está desautorizando as negociações em curso.

– “Estamos sempre negociando com uma faca no pescoço, com a ameaça de que se não aceitarmos a proposta do governo vamos perder tudo”, protestou José Rosalvo, um dos líderes da comunidade.

Presente na reunião, o chefe do gabinete do ministro da Defesa, Antônio Lessa, se comprometeu a levar a proposta de suspensão do processo judicial ao Ministro Celso Amorim, assim como a contraproposta de delimitação do território apresentada pela comunidade.

Contraproposta – A quilombola Olinda de Souza Oliveira e o advogado da Associação dos Advogados dos Trabalhadores Rurais (AATR), Maurício Correia, anunciaram a decisão dos quilombolas de rejeitar a quarta proposta do governo, feita em março passado, que pretendia reduzir o território dos 301 hectares delimitados pelo INCRA para 86 hectares, deixando de fora toda a porção sul, abaixo da Barragem do Macaco, onde mora a família de d. Maria Oliveira, uma senhora de quase 90 anos, nascida e criada na antiga Fazenda Macaco.

Os quilombolas reivindicam a integralidade do território (mas concordam em ceder à Marinha 22 ha no entorno da Vila Naval da Barragem), a preservação de sítios sagrados, a garantia de terras agricultáveis que ficaram de fora da proposta do governo, o uso compartilhado das águas da barragem existente no local, sob administração da Marinha, e dos mananciais de água que alimentam a barragem.

Com a rejeição da proposta do Governo pela comunidade, o assessor da Secretaria Geral da Presidência da República, Silas Cardoso, apresentou o que chamou de “aperfeiçoamento da proposta apresentada em março deste ano”, com o aumento do território de 86 para 104 hectares.

Sobre a contraproposta da comunidade, Cardoso afirmou que não existe a possibilidade de uso compartilhado da barragem, mas assegurou a construção de um açude para atender às necessidade da população local. O assessor afirmou, ainda, que “a proposta chega bem perto do limite do que pode ser oferecido pelo Governo”.

Para Deborah Duprat “fica o desafio para o governo rever algumas situações como a ausência de rios na área cedida para a comunidade, bem como a possibilidade de uso compartilhado da barragem pelos quilombolas”. Já o procurador Leandro Nunes afirmou que “agora há medidas concretas que podem ser tomadas, a exemplo do pedido de suspensão do processo judicial”.

Reunião – Além dos já citados, estavam presentes na reunião o procurador Regional da República Walter Claudius (6ª CCR); a representante da comunidade Rosimeire dos Santos Silva; o secretário estadual de Promoção da Igualdade Racial, Ataíde Lima; a representante do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Gilvânia Silva; o presidente da Fundação Cultural Palmares, José Hilton Santos Almeida; o chefe da Defensoria Pública da União no Estado da Bahia, Átila Ribeiro Dias; a representante da secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Maria do Socorro Guterres; o chefe de gabinete do comandante da Marinha, Vice Almirante Celso Luiz Nazareth; além de outras autoridades e diversos moradores da comunidade.

Histórico – Existente há mais de 200 anos, a comunidade quilombola Rio dos Macacos enfrenta um conflito com a Marinha do Brasil há cerca de 42 anos, quando o local onde a comunidade está instalada foi escolhido para a construção da Base Naval de Aratu. Desde então, os integrantes da comunidade, que hoje conta com mais de 300 pessoas, alegam ser alvo de ações violentas, praticadas por oficiais da Marinha, na intenção de expulsar cerca de 46 famílias residentes no local.

O conflito ganhou ainda mais força após a decisão da Justiça Federal na Bahia, que determinou a desocupação de área situada na Vila Naval da Barragem pela comunidade quilombola. Em maio de 2013 o MPF ajuizou recurso contra decisão perante o Tribunal Regional Federal da Primeira Região.

Em 2011, o MPF já havia proposto ação civil pública pedindo que a Justiça determinasse a permanência da comunidade no local, mas os pedidos não foram acatados. Em junho de 2012 o órgão expediu uma recomendação ao Comando do 2º Distrito Naval da Marinha do Brasil, visando a coibição de prática de atos de constrangimento físico e moral contra os quilombolas. Em outubro de 2013, o MPF realizou audiência pública, onde foi apresentada proposta do Governo para reassentamento da comunidade, e emitiu recomendação para a publicação do RTID pelo Incra.

Com informações da Assessoria de Comunicação do MPF/BA

http://www.prba.mpf.mp.br/mpf-noticias/direitos-do-cidadao/rio-dos-macacos-mpf-defende-suspensao-de-processo-contra-quilombolas

 

 

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 A greve da PM e o projeto de nação

15/04/2014

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Ônibus recolhidos às garagens, escolas e universidades suspendem aulas, muita gente sequer sai de casa. Está criado mais um clima de pânico em Salvador, desta vez graças à greve da PM decretada na noite de terça-feira (15). Quais são os interesses que estão por trás da mobilização da polícia? Qual o projeto de nação está embutido na disputa em curso?

A greve da PM se não for debelada em curto prazo poderá vir a ser gigantesca pedra no meio do caminho da campanha do candidato petista. Greve duradoura poderá significar pá de cal nas ilusões de Rui Costa. Nestes percalços a campanha ganha certo tom de indefinição, ficamos diante de uma imagem difusa, sobretudo quando nos aproximamos da Copa do Mundo.

Paira no ar a suspeita de que algo poderá ocorrer na Copa do Mundo. Muitos temem, outros aguardam ansiosos a reedição das jornadas de Junho 2013 cujas consequências sempre são imprevisíveis. Todos se preparam para alguma surpresa. O desejo de mudanças atravessa todas as camadas sociais, mas falta-nos talvez a vanguarda capaz de acionar as sínteses e os passos necessários para o caminho das transformações. Continue lendo »


Dinheiro teria sido fator decisivo para Paulo Souto mudar de ideia

11/04/2014

Por Josias Pires

Observadores da cena política baiana acreditam que o fator decisivo para Paulo Souto mudar de ideia e voltar a postular sua candidatura ao governo estadual teria sido a oferta vultosa de recursos para a campanha vinda de ricos empresários. Um tanto cansados de gerir seus interesses por meio de um governo de meia esquerda, o alto empresariado – ou pelo menos, setores dele – estaria apostando firme num representante direto, ex-governador testado, para sempre articulado com a engrenagem capitalista.

A oposição tentará repetir ao nível da eleição estadual o fenômeno soteropolitano de aproveitar-se e fomentar a rejeição ao PT, que levou à vitória de Neto. Quem dispõe de pesquisas minuciosas podem inferir que a rejeição ao petismo baiano tem potencial de crescimento – resta saber se esse crescimento será capaz de superar a maioria que elegeu o PT nas duas últimas campanhas. O esquema de Neto-Souto-Geddel e o arco empresarial que o apoia acredita que sim e, evidentemente, usará a campanha televisiva para ganhar os eleitores.

Como sabemos, o uso do tempo no horário eleitoral da tevê é decisivo na eleição – vide o que ocorreu com o ex-prefeito João Henrique (2008), que entrou na segunda disputa com índices de rejeição altíssimos e, embalado pela grana e propaganda de Geddel/governo federal, ganhou a eleição em Salvador para fazer um dos governos mais desastrosos da história da cidade. Embalado agora por milhões injetados diretamente pelo “mercado” este mesmo esquema pretende desbancar o petismo wagneriano.

E o PT – e seus aliados de todos os lados – será capaz de resistir à impetuosidade do esquema adversário e provar para os baianos que seu governo merece continuar positivo e operante? Evidentemente que o poder da máquina governamental – para além do PT – terá o papel de tentar desequilibrar a força adversária. Para a eleição de Wagner em 2006 (contra Paulo Souto) quem teve papel decisivo foi Luís Inácio Lula da Silva e foi o governo federal fiador indispensável para a sua reeleição. Até agora a eleição de Dilma parece assegurada. Isto também ajuda – e muito – o candidato petista Rui Costa.

O governador Wagner pediu, por meio da imprensa, que a oposição venha debater projetos. Até hoje os eleitores decidem levando em conta interesses mais comezinhos. A nossa educação política ainda não alcançou o debate consistente de projetos de governo e de Estado. A Bahia tem uma carência profunda, fatal, de projetos consistentes. O projeto que prevaleceu aqui nos últimos 50 anos foi o da mercantilização da vida baiana em praticamente todos os setores e relações sociais. Neste sentido, somos hoje plenamente capitalistas, mesmo que vivamos em um capitalismo profundamente desigual e medíocre. Por isso é salutar o alerta do governador para o debate de projetos. É o que todos nós esperamos. Que o PT apresente o seu projeto; e que as oposições apresentem os seus projetos. E que tenhamos capacidade política de separar o joio do trigo. Ilusão?

Sabemos todos nós que o PT tornou-se o gestor do capitalismo local, tentando – e muitas vezes logrando êxito – instaurar o investimento social, buscando reverter a tremenda desigualdade brasileira. Contudo, se é verdade que a economia dos últimos dez anos mexeu para melhor na vida de 80% dos brasileiros – e isto será decisivo para a reeleição de Dilma – contudo carecemos de um projeto de nação alternativo ao do capitalismo/ dos capitalistas. Isto é óbvio. É inaceitável os valores hegemônicos do consumismo e do mercadismo obsceno prevalecerem entre nós sem que os seus prejuízos sejam denunciados, combatidos e suprimidos. Afinal, são os valores hegemônicos que nos legaram esta sociedade violenta, hipócrita, egoísta, narcísica. O sonho de transformá-la acabou?

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Teia de Cordéis portugueses e brasileiros

04/04/2014

Teia Cordeis 1

Por Josias Pires

O I Congresso Nacional de Trovadores e Violeiros, realizado na Bahia em 1955, teve à frente o poeta alagoano-baiano Rodolfo Coelho Cavalcante e contou com a presença de cantadores de todo o país, inclusive do pioneiro editor João Martins de Athayde. Conta a folclorista Hidelgardes Vianna que durante o tempo que ficou na Cidade da Bahia, hospedado nas imediações da Ladeira de São Bento, o pernambucano teve a companhia assídua e persistente de Cuíca de Santo Amaro, que outrora havia vendido nas ruas e feiras livrinhos de histórias publicados por Athayde.

Pernambuco, Paraíba, Ceará foram estados que saíram na frente na edição e publicação de folhetos, dando continuidade à forte tradição oral sustentada por trovadores e violeiros da mais alta capacidade poética. Na Bahia, Rodolfo Coelho Cavalcante e Cuíca de Santo Amaro, sem nenhuma dúvida os dois grandes trovadores populares do século XX no estado, foram também os primeiros a produzirem localmente em grande quantidade (para os padrões da atividade e da época), nas décadas de 1940 e 1950, sobretudo, quando passaram a abastecer o mercado local com enorme variedade de títulos semanais, abrindo franca concorrência com os folhetos pernambucanos.

Teia Cordeis 2                                                                   Teia Cordeis 3

Assim como sempre alimentou o/ foi alimentado pelo samba do Rio de Janeiro, mantendo ao longo de séculos um fluxo e refluxo com aquele estado, a Bahia mantém, ainda que sem a mesma evidência para o caso do samba no Rio de janeiro, mantém um circuito de alguma espécie com a literatura popular de Recife e outros endereços do Nordeste – algo inevitável, obviamente. Traçar os contornos de tal circuito, porém, é tarefa ainda para ser executada, até onde sei.

Enquanto esta história aguarda a sua escrita, vamos tomando conhecimento de iniciativa relevante no campo do conhecimento da literatura popular brasileira. O livro catálogo “Teia de Cordéis”, de Maria Alice Amorim e Arnaldo Saraiva, editado pela Fundação de Cultura Cidade do Recife (2013) contém as imagens de capas e versos de mais de 500 folhetos de literatura popular que ficaram em exposição, em 2011/2012, no Museu de Arte Popular, da Prefeitura de Recife – sim, lá há um Museu de Arte Popular que abrigou a grandiosa exposição com folhetos portugueses e brasileiros. Foram 254 folhetos portugueses da coleção de Arnaldo Saraiva e 258 brasileiros da coleção de Maria Alice Amorim. Folheto do segundo ano do século XVII (1602) aos livrinhos do século XX.

Arnaldo Saraiva apresenta-nos a seguinte lista temáticas dos folhetos: poesia, narrativa, teatro, crítica, autos, dramas, tragédias, farsas, entremezes, monólogos, desafios, comédias, sátiras, invectivas, paródias, anedotas, cartas, crônicas, biografias, histórias, contos, moralidades, dissertações, elogios, exemplos, testamentos, orações, oráculos, hinos, canções, elegias, fados, décimas, odes, coplas, aventuras, paixões, sonhos, viagens, suspiros, sucessos, confissões, velhos e novos príncipes, bandidos, soldados, namorados, clérigos, criados, deputados, fanfarrões, fantasmas, Adão e Eva, São João e S. Pedro, Paulo e Virgínia, Manoel e Maria, Imperatriz Porcina, Carlos Magno, Bertoldo, A Padeira de Aljubarrora, A donzela Teodora, Magalona, João de Calais, Bocage, José do Telhado, Deus e o Diabo.

É uma lista, evidentemente, incompleta dado a riqueza de títulos e temas da exposição, que publica alguns folhetos ligados ao ciclo das navegações, como o de João Calais e o poema antológico A Triste Vida de Um Marujo que ao lado do romance da Nau Catarineta foram algumas das matrizes centrais do folguedo que ficou conhecido como Marujadas, Cheganças de Marujos, Fandangos no Nordeste brasileiro. Da coleção de Maria Alice saem autores e temas clássicos de Portugal e do Brasil ao lado da poesia de novos autores.

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Os dois curadores publicam textos de apresentação muito pertinentes. Publico abaixo os três primeiros parágrafos do texto De Portugal e do Brasil: o próximo, o distante, voz própria, de Maria Alice Amorim. Que comparece também com um ensaio “Existe um novo cordel? Imaginário, tradição, cibercultura”.

“O novelo de Ariadne, no labirinto vai unindo ramagens, cosendo rupturas, redesenhando começos, bifurcações. É Aracne que de si própria extrai os fios com que tece a precisão e a beleza, desafios à deusa Atenas. Nem pista sem saída, nem rumo estéril, os muitos fios que compõem a paisagem tradicional da literatura popular brasileira, conhecida sobretudo pelos matizes da poética de violeiros repentistas e de cordelistas, deixam vislumbrar caminhos herdados, mudanças de rota, voz própria. A partir do instante inaugural, no século XVI, entre terras lusas e brasileiras cordões umbilicais engendravam heróis, mitos emblemas. Inicialmente guiada por prévios roteiros de criação, exteriores à cultura local, a literatura de cordel se vale da astúcia de Ariadne e do primor artístico de Aracne, abraçando o desafio de não se enredar na própria teia, não se perder em labirintos, nem se deixar devorar. Assume voz própria, conquista autonomia criadora no continuuum das tramas seculares de engenhosa narrativa poética, constituindo-se patrimônio imaterial do Nordeste brasileiro e, de maneira exuberante, no Estado de Pernambuco.

Recife sempre se destacou, desde o início do século XX, na invenção, edição e difusão do folheto popular. Foi considerando este relevante dado histórico e, igualmente, o volume e a importância da produção de/sobre o folheto popular brasileiro, disseminado país afora ao longo de mais de um século e a partir de matrizes poéticas populares medievais de procedência europeia, que surgiu a pertinente iniciativa de propor à pauta do Museu de Arte Popular (MAP), da Prefeitura da Cidade do Recife, uma exposição que pudesse abranger a produção editorial portuguesa, a partir mesmo da datação dos mais antigos exemplares de que se tem notícia em acervos institucionais e particulares – o século XVIII – e que contemplasse, ainda, a produção editorial brasileira estabelecida como produção cultural do Brasil, inaugurada com autores considerados pioneiros na consolidação da tradicional poética cordelística no país, a exemplo de Leandro Gomes de Barros, Francisco das Chagas Batista, Silvino Pirauá de Lima, João Martins de Athayde.

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Assim, proposta aceita, aconteceu no MAP, entre março de 2011 e maio de 2012, a exposição Teia de Cordéis – desdobrada em suas expografias: Cordéis Portugueses/Coleção Arnaldo Saraiva, Cordéis Brasileiros/Coleção Maria Alice Amorim – sob a curadoria de ambos os colecionadores no tocante à exibição dos portugueses e somente sob a de Maria Alice Amorim quanto aos brasileiros. O presente catálogo trata, pois, do registro dessa atividade museológica que, na primeira parte, se caracterizou por ter sido pioneira, em território nacional, quanto ao expressivo volume de literatura de cordel d’além mar aqui jamais antes exibido numa mesma ocasião e espaço, abarcando edições do período histórico em que foi prolífica tal produção editorial: os séculos XVII, XVIII, XIX e XX. Esse primeiro momento permitiu, portanto, que o público pudesse conferir no MAP, durante quase três meses, documentos raros, inclusive um folheto português de 1602, então o mais antigo da coleção de Arnaldo Saraiva”.


Quilombolas baianos se unem em apoio ao Rio dos Macacos

08/02/2014

Quilombolas Encontro Esc Pq

Por Jackson Sousa

Salvador sediou neste sábado (8) o Encontro das Associações e Comunidades Quilombolas do Estado da Bahia, na Escola Parque, Caixa D’Água. O evento contoo com mais de 500 lideranças quilombolas de 11 macro regiões do estado, para debater políticas públicas para esses quilombos e reforçar apoio à comunidade Rio dos Macacos. Continue lendo »


Fuzileiros da Marinha derrubam casa no quilombo Rio dos Macacos

30/01/2014
Somos quilombo X
Nota da Associação dos Advogados de Trabalhadores Rurais – AATR
“Hoje, os moradores da comunidade quilombola foram surpreendidos com mais um ato de violência e arbitrariedade da Marinha de Guerra do Brasil. Os fuzileiros navais derrubaram a casa de Seu Luis Gozanga de Souza Oliveira, quilombola, filho de Dona Maria, uma das quilombolas mais idosas da comunidade, nascida e criada naquelas terras. Continue lendo »

URGENTE: Fuzileiros derrubam casa em Rio dos Macacos

30/01/2014

Enquanto Antonio Lessa, chefe de gabinete do ministro da Defesa, acompanhando do Almirante Nazaré, alta autoridade da Marinha percorriam o quilombo Rio dos Macacos, na manhã desta quinta-feira (30), com lideranças da comunidade para definir o traçado da estrada alternativa de acesso ao lugar, um grupo de fuzileiros navais irrompeu na área e derrubou a casa de Luis Oliveira, filho de d. Maria Oliveira, moradora da área há 86 anos. Revoltada com a situação algumas pessoas da comunidade deslocaram-se para a entrada da Vila Naval da Barragem, onde estão neste momento estão cobrando providências das autoridades.

– É um absurdo completo. Enquanto o Ministério da Defesa quer resolver o problema alguns oficiais da Marinha estão criando mais problemas. Queremos a solução urgente dessa situação, conclamou d. Olinda Oliveira, uma das lideranças da comunidade e irmã de Luis Oliveira.


Fuzileiros armados quebram cerca em Rio dos Macacos

29/01/2014

Cerca de dez fuzileiros navais, armados, percorreram ontem (28) à tarde o interior do quilombo Rio dos Macacos, inquirindo moradores acerca da participação no ato de protesto realizado na segunda-feira (27) e quebrando pequenas cercas feitas por algumas famílias para proteger hortas do acesso de animais.

–       Chegaram aqui fazendo perguntas, afrontando as pessoas e quebrando as cercas. Dissemos para eles que temos autorização do governo para fazer nossos plantios mas não quiseram nos ouvir, relatou um morador que preferiu não se identificar.

Em documento publicado no site do Ministério da Defesa dia 15 passado, o ministro Celso Amorim garantiu que apoia a construção do centro comunitário, a viabilização do fornecimento de água, reparação de imóveis, o plantio, cultivo e criação de animais, além de repudiar quaisquer atos de violência.

–       Queremos saber de onde partiu a ordem para esses fuzileiros entrarem em nossa comunidade e fazer o que fizeram, cobrou a fonte.

 


A Tarde: Quilombo Rios dos Macacos protesta

28/01/2014

Numa nota curta publicada na página A5 desta terça-feira (28) 0 jornal A Tarde noticia:

“Moradores da comunidade quilombola Rio dos Macacos, localizada na Vila Naval da Barragem (Simões Filho – Grande Salvador) protestaram, ontem à tarde, contra agressões de oficiais do 2o. Distrito Naval da Marinha do Brasil contra or irmãos Ednei e Rosemeire Messias dos Santos. Uma estrada que dá acesso à Base Naval de Aratu foi fechada. Os quilombolas pedem a apuração do crime de tortura contra os irmãos Messias dos Santos, a construção de uma entrada para a comunidade alternativa à guarita da Vila Naval, a permissão para fazer as casas do quilombo, a publicação – no Diário Oficial – do relatório técnico feito pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a titulação de propriedade do território. Dois inquéritos – instaurados pelo Ministério Público Federal (MPF-BA) e pelo Ministério Público Militar (MPM) apuram as denúncias de agressão. Imagens da Câmara de Segurança da Vila Militar foram solicitadas pelo MPF-BA há 21 dias”. Continue lendo »


Quilombolas de Rio dos Macacos protestam contra violência

27/01/2014

Quilombo Man pós prisão Rose

Uma manifestação dos quilombolas de Rio dos Macacos, em protesto contra a violência praticada por sentinelas da Marinha contra duas lideranças da comunidade dia 06 de janeiro passado, parou por algumas horas, no início da tarde desta segunda-feira (27),  a estrada da Base Naval de Aratu, defronte à guarita do condomínio residencial Vila Naval. Continue lendo »


Ministro da Defesa anuncia apoio às reivindicações dos quilombolas de Rio dos Macacos na Bahia

22/01/2014

Rio do Macaco

 

Os incidentes entre moradores da comunidade quilombola Rio dos Macacos, no município de Simões Filho (BA), e militares do condomínio residencial da Marinha conhecida como Vila Naval da Barragem, ocorridos no dia 6 de janeiro passado, quando dois membros da comunidade foram detidos sob a alegação de supostas ameaças e desacato contra as sentinelas de serviço levaram o ministro da Defesa Celso Amorim a anunciar a posição oficial sobre o assunto.

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Nesta terça (19), 19h, Auditório da Fac. Visconde de Cairu

18/11/2013
Foto da capa
Organizado por Raphael Fontes Cloux e Izabel de Fátima Cruz Melo o livro reúne textos deles dois e mais: Marlon Marcos, Liliane Ferreira Mariano da Silva, Cristiane Batista da Silva Santos, Ricardo George Souza Santana que exercitam a multidisciplinaridade.

Valdina Pinto lança autobiografia na próxima terça (26)

18/11/2013

No Forte da Capoeira,

Lançamento: autobiografia da Makota Valdina,

Santo Antonio Além do Carmo, 26/11, 18h.

valdina 2

“É preciso não ter vergonha de suas origens. E ir em busca da história que ainda não foi escrita (…) os valores que precisam ser resgatados no sentido da construção de um mundo futuro, com justiça, equilíbrio e harmonia em face de suas diversidades étnicas, culturais e sociais; isso tem que começar a partir do lugar em que estamos no mundo”. Valdina Pinto.

A escrita, edição e lançamento deste livro podem ser tomados como oferenda, que esta brava e doce mulher , professora e cuidadora de gentes e de inquices põe a circular entre todos nós, a voz insistente e pungente de Valdina Pinto, guerreira da paz e da fé

Do chão batido do antigo Engenho Velho da Federação nasceu Valdina e sua história de enfrentar desafios e ajudar na construção de um mundo melhor para todos. Na Associação de Moradores num  tempo em que estas organizações sociais enfeixavam a luta pelas liberdades democráticas e pelas melhorias urbanas. Valdina que abraça a religião dos seus ancestrais torna-se embaixadora da tolerância religiosa, do diálogo que se espalha por dezenas e dezenas de palestras e encontros em todo o mundo. Valdina Pinto é uma das pessoas indispensáveis do nosso tempo. (Josias Pires)


Cidades rebeldes: Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil

09/08/2013

Cidades rebeldes capa Final.indd Do site da Boitempo Na esteira dos recentes protestos que abalaram o país, a Boitempo lança Cidades rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. Trata-se do primeiro livro impresso inspirado nos megaprotestos que ficaram conhecidos como as Jornadas de Junho, além de ser o principal esforço intelectual até o momento de analisar as causas e consequências desse acontecimento marcante para a democracia brasileira. Escrito e editado no calor da hora, em junho e julho, Cidades rebeldes é um livro de intervenção, que traz perspectivas variadas sobre as manifestações, a questão urbana, a democracia e a mídia, entre outros temas. Publicada em parceria com o portal Carta Maior e com o apoio da Fundação Rosa Luxemburgo, a obra segue a linha do livro Occupy: movimentos de protesto que tomaram as ruas, com o mesmo formato e preço (R$10,00 o impresso, R$5,00 o e-book), e consolida uma nova coleção da Boitempo, de livros de intervenção e teorização sobre acontecimentos atuais, intitulada “Tinta Vermelha”, em referência a um trecho do discurso do filósofo esloveno Slavoj Žižek no Occupy Wall Street, em 2011. Para tornar o livro acessível ao maior número de pessoas – estimulando-as, quem sabe, a ir às ruas por mudanças –, autores cederam gratuitamente seus textos, tradutores não cobraram pela versão dos originais para o português, quadrinistas e fotógrafos abriram mão de pagamento por suas imagens, o que possibilitou deixar o volume a preço de custo. Continue lendo »


Candidatos ao governo da Bahia nas primeiras pesquisas

20/07/2013
A presidenta Dilma seria reeleita se a votação fosse hoje

A presidenta Dilma seria reeleita se a votação fosse hoje

Duas pesquisas eleitorais divulgadas nas duas últimas semana oferecem um primeiro retrato da posição de postulantes ao governo do estado. A última, do Instituto Bahia Pesquisa e Estatística (Babesp) divulgada nesta sexta-feira no site Bahia Notícias entrevistou 1.203 eleitores de 70 municípios baianos, entre os dias 8 e 17 de julho. Os dados apontam para um número expressivo de indecisos tanto em âmbito nacional quanto local (quase 90%), prevê reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e vantagem, na Bahia, para qualquer candidato do DEM, seja Paulo Souto ou ACM Neto, único que supera o item “não sabe”. Continue lendo »


O Brasil no olhar dos viajantes – João Carlos Fontoura

20/07/2013

“Documentário sobre os relatos estrangeiros das primeiras viagens feitas ao país, entre os séculos XVI e XIX, e a influência que tiveram na construção da imagem do Brasil no exterior e entre os próprios brasileiros. O filme resgata testemunhos de homens que viram um país ainda desconhecido, primitivo e exótico tecer as bases de sua sociedade e de sua história”.
Documentário de João Carlos Fontoura difundido pela TV Senado.


A luta do Quilombo Brejo dos Crioulos

20/07/2013

Por Alexandre Gonçalves, Articulação Popular São Francisco Vivo

As famílias remanescentes de quilombolas do Brejo dos Crioulos, localizado entre os municípios de São João da Ponte, Varzelândia e Verdelândia no norte de Minas, ganha apoio na luta pelo Território e na Libertação das Lideranças Encarceradas.

Nesta semana o advogado popular Roberto Rainha, da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, reuniu-se com representantes da Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais e com os Quilombolas de Brejo dos Crioulos – região Norte de Minas Gerais.

A Rede Social, que já participou de atividades ligadas à luta dos Quilombolas em Minas Gerais, irá contribuir com a luta da comunidade de Brejo dos Crioulos, que vive um difícil momento, com 4 lideranças presas há 10 meses. Continue lendo »


OCEANIA

14/07/2013

asia-oceania

Carlos Drummond de Andrade

Amo burra, burramente
certa menina enfezada
para lá dos mares do sul.
Ela vem por sobre as ondas
enfeitiçar minha vida,
atrapalhar minha mesa,
dizer que espere … esperarei. Continue lendo »


Desmandos continuam na prefeitura de Salvador

14/07/2013

Por Josias Pires

Órgãos estão sendo usados como aparelho eleitoral

Órgãos estão sendo usados como aparelho eleitoral

O ex-prefeito João Henrique Carneiro deveria estar preso trancafiado numa prisão de segurança máxima dado ser um sujeito de alta periculosidade, que produziu desmandos de toda ordem nos cofres da prefeitura de Salvador. Mas nada. Tornar-se-á radialista, já está testando o formato de um programa de rádio que pretende levar ao ar nos próximos dias. É contra exemplos tão radiosos quanto este que milhões de brasileiros foram às ruas protestar.

A cara de pau deste JH é de dar raiva. A atual gestão descobriu outro dia que o ex-prefeito fez repasses mensais milionários para uma prestadora de serviços de saúde que simplesmente não existe! E não acontece nada! O Ministério Público, o novo gestor, os vereadores de oposição, a imprensa, todos recebem uma informação desta espécie e passa como se nada de mais tivesse acontecido. Provavelmente estamos todos anestesiados com as doses cavalares de maldades a que somos submetidos todos os dias… Continue lendo »


Lídice da Mata articula candidatura ao governo da Bahia

13/07/2013

Senadora Lídice da Mata (PSB/BA) destaca lançamento da Frente Parlamentar Mista dos Direitos da Criança e do Adolescente na Câmara Federal

A pesquisa Séculos/Bahia Notícias divulgada neste final de semana e que aponta a dianteira de ACM Neto na corrida para a eleição do próximo governador mostra um quadro um tanto desconfortável para o governismo.

Não importa, no caso, as declarações enfáticas de Neto de que não há hipótese de ser candidato a governador em 2014, o que importa é que está crescendo na Bahia o voto oposicionista, expondo a “fadiga do material” petista, na expressão do governador Jaques Wagner. Continue lendo »


A capoeira perde Frede Abreu, seu maior pesquisador

13/07/2013

Fred Abreu

Por Josias Pires

O escritor, pesquisador e historiador baiano Frederico José de Abreu, conhecido como Frede Abreu morreu nesta quinta-feira (11) deixando um vazio no mundo da capoeira e um valioso legado de pesquisas, sobretudo o acervo que reuniu no Instituto Jair Moura, por ele fundado, que conta com mais de 40 mil títulos, entre livros, recortes de publicações impressas, CDs, fotos e vídeos sobre capoeira e cultura afro-brasileira. Continue lendo »


Estado policial avança no Brasil

08/07/2013

Polícia Mata na favela

A socióloga Vera Malaguti Batista alerta para o risco da expansão do “Estado policial” e da gestão militar da vida dos pobres

por Rodrigo Martins — Carta Capital

Os espetáculos de truculência e despreparo das polícias estaduais na repressão às manifestações, somados à barbárie cotidiana nas favelas e periferias das grandes cidades, fizeram ressurgir a bandeira da desmilitarização das polícias. Uma proposta muito distante da realidade, lamenta a socióloga Vera Malaguti Batista, secretária-geral do Instituto Carioca de Criminologia e professora da Universidade Cândido Mendes. Antes disso, sugere a especialista, é preciso interromper é a expansão do chama de “Estado de polícia”. “Precisamos parar de acreditar que vamos resolver os problemas do Brasil com mais polícia e repressão”, diz Batista, organizadora do livro Paz Armada, Criminologia de Cordel, lançado em 2012 pela Editora Revan. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista. Continue lendo »


Qual será o alcance da reforma política feita pelo atual Congresso?

25/06/2013

Em plena ebulição política e cidadã que vivemos neste momento recebo a msg via e-mail de uma amiga propondo nova corrente na Internet, corrente do bem, entenda-se. Ela escreve:

“É assim que começa.

Peço a cada destinatário para encaminhar este e-mail a um mínimo de vinte pessoas em sua lista de endereços e postar nas redes sociais, pedindo a cada um deles para fazer o mesmo.
Em três dias, a maioria das pessoas no Brasil terá esta mensagem. Esta é uma ideia que realmente deve ser considerada e repassada para o Povo.

Lei de Reforma do Congresso de 2013 (emenda à Constituição) PEC de iniciativa popular: Lei de Reforma do Congresso (proposta de emenda à Constituição Federal)

1. Fica abolida qualquer sessão secreta e não-pública para qualquer deliberação efetiva de qualquer uma das duas Casas do Congresso Nacional. Todas as suas sessões passam a ser abertas ao público e à imprensa escrita, radiofônica e televisiva. Continue lendo »


“A mídia e a política estão dominadas pelo dinheiro”

25/06/2013

Paulo Nogueira B jr

Via Luis Nassif on Line, Do Brasil Econômico.
Cassiano Viana e Octávio Costa

Diretor-executivo do Brasil e de mais dez países no FMI, Paulo Nogueira Batista Jr. tem uma visão privilegiada da cena mundial.
Diretor-executivo do Brasil e de mais dez países no Fundo Monetário Internacional (FMI), o economista Paulo Nogueira Batista Jr. vive em Washington desde 2007 e, de seu posto, tem uma visão privilegiada da cena mundial.

Na semana passada, ao desembarcar no país, mostrou-se surpreso com a dimensão da onda de protestos. Em entrevista ao Brasil Econômico, além de destacar o poder de mobilização das redes sociais, atribuiu a insatisfação dos jovens a uma combinação de fatores, como o desencanto com a política, as deficiências crônicas no transporte urbano, na educação e na saúde, e o momento desfavorável pelo qual passa a economia.
Quanto ao último ponto, é otimista. “Se o PIB crescer 3%, o mercado de trabalho se mantiver forte e o governo conseguir estabilizar a inflação, creio que o quadro de ânimo em relação à economia vai melhorar gradualmente”. O que mais o preocupa é a extrema volatilidade dos mercados financeiros.

A especulação, adverte ele, está desenfreada e os países podem sofrer com a livre movimentação de capitais. “É preciso cautela. O mundo continua à mercê da turma da bufunfa, que tem poder de fogo extraordinário”. Continue lendo »


O que vem depois da queda da tarifa?

23/06/2013

Passe Livre

O movimento dependerá da capacidade de não confundir rejeição ao atual sistema político-partidário com recusa da democracia. É urgente incluir na agenda a refundação do modelo policial.

Por Luiz Eduardo Soares

Há uma semana escrevi sobre o movimento pelo “passe livre” (www.luizeduardosoares.com), chamando a atenção para o fato de que o novo surpreende e assusta, porque rompe a estabilidade das expectativas, coloca em xeque nossos esquemas cognitivos, revela a precariedade da ordem social e evoca o espectro de nossa finitude. Somos levados a reconhecer que não apenas a vida humana é frágil como aquilo que chamamos “realidade” é débil e movediço. Por isso, o desconhecido tende a suscitar em nós reações defensivas e explicações que funcionam como a confirmação do que já se sabe — ou se supõe saber. Se o propósito é conhecer, devemos buscar, com humildade, a compreensão autorreflexiva e a desnaturalização das descrições correntes. Até porque todo esforço de entendimento é também ação política. Continue lendo »


Movimento Passe Livre em Salvador define pauta

21/06/2013

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Em reunião realizada na tarde desta sexta-feira (21), integrantes do Movimento Passe Livre, em Salvador, aprovaram uma pauta de questões consideradas prioritárias, a maioria delas relacionada às questões da mobilidade urbana. Integrantes do movimento também manifestaram-se em favor do adiamento do ato de rua que estava previsto para ser realizado neste sábado.

“Eis a lista de encaminhamentos feitos em plenária (sem nenhuma ordem especial de importância):

1. O Passe Livre é pauta prioritária do movimento
2. Assegurar Passe Livre para estudantes e desempregados
3. Auditoria das contas do metrô
4. Auditoria das contas “caixa-preta” do SETPS
5. Reativação do Conselho Municipal de Transporte
6. Estabelecer o Conselho da Cidade com caráter deliberativo
7. Lutar contra a privatização da Estação da Lapa
8. Lutar pela municipalização do transporte
9. Lutar pela estatização das empresas de transporte
10. Assegurar transporte 24 horas
11. Lutar por uma melhor política de mobilidade urbana
12. Implantação de ciclovias em toda a cidade
13. Lutar pela Tarifa Zero
14. Auditoria dos gastos da Copa
15. 10% do PIB para educação pública, gratuita, e de qualidade.
16. Anulação da PEC 37
17. Lutar contra a criminalização dos movimentos sociais
18. 100% do Pré-sal e da Petrobrás para financiamento estatal
19. Aumento em mais de 100% nos alimentos de Cesta básica.
20. O repúdio do movimento à mídia golpista, que busca manipular o movimento
21. O movimento se articulará com as pautas das manifestações que estão ocorrendo nacionalmente
22. Fazer uma carta aberta com as pautas do movimento
23. Mobilizar de forma criativa, dialogar com grupos artísticos
24. Convocar demais movimentos sociais para compor as manifestações”

O evento é definitivamente APARTIDÁRIO e sem líderes. Busquemos sempre o consenso!”


20 de Brumário: pra onde vai esse barco?

21/06/2013

Por Paulo Costa Lima

Se de um lado o coração se enche de esperança com todos os jovens que recriaram a sacralidade do coletivo Brasil, por outro, paira uma incômoda sensação de manipulação midiática e usurpação da causa.

Sonhar e sonhar e sonhar, dizia Gonzaguinha, mas com os pés no chão e boas propostas. Pois então, tudo depende do que vai acontecer nesse tempo de reviramento entre a manifestação de 200 pessoas na Cinelândia, e os milhões que a partir de hoje lotam as praças de todo o País?

Estive na manifestação em Salvador, e vibrei com a mobilização. Vi muitos cartazes com frases bonitas, e cada jovem com o seu,a grande maioria em espírito de paz e de participação. Mas, pra onde vai esse barco? Continue lendo »


Realidade impõe-se à fantasia: Saramandaia Existe!

19/06/2013

O Bairro de Saramandaia, constituído a partir dos anos 70 em Salvador, reúne hoje cerca de 12 mil habitantes em área central e valorizada (vizinha da Rodoviária e do DETRAN). Dois grandes projetos em andamento afetam diretamente essa área: o projeto da Linha Viva, via expressa pedagiada que, a ser implementada em seu atual projeto, resultará na remoção de cerca de 3000 pessoas que ali vivem há décadas. O outro projeto, o da Linha 2 do Metrô, ao oferecer a Rodoviária como contrapartida para a PPP, tem impacto negativo na geração de renda de inúmeros moradores do bairro, além de abrir outra frente imobiliária altamente especulativa em terra pública do Estado da Bahia.

Saramandaia existe. O bairro não pode continuar na invisibilidade das políticas públicas. Seus moradores têm de ser respeitados e tratados como cidadãos soteropolitanos. Seu apoio é fundamental. Tire uma foto com um cartaz Saramandaia Existe. Registre uma mensagem. Grave um depoimento. Envie para saramandaiaexiste@gmail.com

Essa é uma ação do Plano de Bairro Saramandaia, desenvolvido pelo grupo de pesquisa Lugar Comum/PPGAU-FAUFBA, junto com a Rede de Associações de Saramandaia, com apoio do PROEXT/2012.


Movimento Passe Livre no Roda Viva

18/06/2013

O programa traz dois líderes do Movimento Passe Livre: a estudante de direito Nina Cappello e o professor de História Lucas Monteiro de Oliveira. A edição repercute a onda de protestos em São Paulo contra o aumento da tarifa de ônibus e a situação do transporte público no Brasil.


Pela extinção da PM

16/06/2013

Por Vicente Safatle,professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de São Paulo).
Folha de S. Paulo

No final do mês de maio, o Conselho de Direitos Humanos da ONU sugeriu a pura e simples extinção da Polícia Militar no Brasil. Para vários membros do conselho (como Dinamarca, Espanha e Coreia do Sul), estava claro que a própria existência de uma polícia militar era uma aberração só explicável pela dificuldade crônica do Brasil de livrar-se das amarras institucionais produzidas pela ditadura.

No resto do mundo, uma polícia militar é, normalmente, a corporação que exerce a função de polícia no interior das Forças Armadas. Nesse sentido, seu espaço de ação costuma restringir-se às instalações militares, aos prédios públicos e aos seus membros. Continue lendo »


Trailer definitivo do filme Cuíca de Santo Amaro

15/06/2013

Este é o trailer do filme documentário de longa metragem Cuíca de Santo Amaro, O Poeta mais Temido da Bahia, patrocinado pelo Programa Petrobras Cultural, dirigido pelos cineastas Joel de Almeida e Josias Pires.

O filme narra aspectos da trajetória do poeta popular, ‘trovador-repórter’ e propagandista, o desassombrado Cuíca de Santo Amaro, Ele, O Tal, personagem criado por José Gomes, que atuou na Bahia, sobretudo, nas década de 1940, 1950 e início de 1960. Continue lendo »


Popular e vanguarda no cinema da Bahia dialogam no Feciba de Ilhéus

09/06/2013
Antonio Pitanga na abertura do Feciba

Antonio Pitanga na abertura do Feciba

Por Josias Pires – O ator Antonio Pitanga, consagrado representante do Cinema Novo por atuações em dezenas de filmes fundamentais, na abertura do Festival de Cinema Baiano, Feciba, sexta (7) à noite, no Cine Santa Clara, em Ilhéus, deu o tom adequado para interpretar sentidos do evento, exortando-nos a ver relações entre os jovens organizadores do certame cinematográfico na cidade e os jovens da sua própria geração do Cinema Novo.

A fala de Pitanga tem a força e trás a oportunidade do diálogo inter-geracional apresentando-nos a experiência intrépida de “jovens loucos” e a necessidade da juventude sempre questionar, inquirir e buscar transformar a realidade, articulando energias das universidades, de estudantes, professores e demais interessados. Continue lendo »


O Cangaceiro, Lima Barreto

31/05/2013

Via Marcus Gusmão, Blog Licuri

O Cangaceiro, filme realizado em 1953, foi um dos maiores sucessos do cinema brasileiro de todos os tempos. Escrito e dirigido por Lima Barreto, com diálogos criados por Rachel de Queiroz, O cangaceiro foi o primeiro filme brasileiro a conquistar as telas do mundo. Considerado até hoje o melhor filme produzido pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, sua história se inspirava na lendária figura de Lampião.

Sinopse:
O bando de cangaceiros do capitão Gaudino (Milton Ribeiro) semeia o terror pela caatinga nordestina. É neste contexto que a professora Maria Clódia (Vanja Orico), raptada durante um assalto do grupo, se apaixona pelo pacífico Teodoro (Alberto Ruschel). O forte amor entre os dois gera grande conflito no bando.

Ficha Técnica:
Direção: Lima Barreto
Roteiro: Lima Barreto, Rachel de Queiroz (diálogos)
Gênero: Aventura/Drama/Romance
Origem: Brasil
Duração: 105 minutos
Tipo: Longa-metragem

Elenco:
Alberto Ruschel, Marisa Prado, Milton Ribeiro, Vanja Orico, Adoniran Barbosa, Antonio V. Almeida, Hector Bernabó, Lima Barreto, Horácio Camargo, Ricardo Campos, Antônio Coelho, Cid Leite da Silva, Oswaldo Dias, Zé do Norte.


“Raça” revela dificuldades para mudar o Brasil

28/05/2013

por Josias Pires

Três negros, três trajetórias, três histórias inacabadas: um senador, um cantor-empresário de comunicação e uma quilombola constituem o trio de personagens acompanhados pelas câmeras do filme documentário “Raça”, dirigido por Joel Zito Araújo e Megan Myla, lançado em todo o país na semana passada. Realizando um procedimento típico do cinema direto americano, aquele em que a câmara observa o desenrolar de conflitos, “Raça” joga lenha na fogueira de um debate urgente e ajuda a provocar e atiçar reflexão indispensável sobre o Brasil atual: a inconclusa liberdade dos brasileiros de origem africana, cuja escravidão oficial teve fim com a promulgação da Lei Áurea mas que foram, porém, mantidos em condições de vida indignas e degradadas por todo o século seguinte. Continue lendo »


O sucesso no cinema do Rei Roberto Carlos

26/05/2013

Roberto.Carlos.A.300Km.Por.Hora.VHSRIP.Xvid.Nacional

À sua imagem e semelhança: expressão mais visível do cinema da jovem guarda, filmes do rei Roberto Carlos marcaram uma geração.

Por Marcos Pierry

A presença de astros da música popular no mundo do cinema é estratégia recorrente de produtores, diretores e dos próprios artistas, instados a fustigar qualquer brecha de massificação conforme a vigência de modelos bem específicos de circulação da arte a partir do pós-Guerra. Uma das ações de peso do modelo cultural pautado pela pressão de um potencial de mercado busca, justamente, fazer do que se torna sucesso em uma mídia fenômeno de vendas em outro meio de comunicação.

A migração do disco para a película encontra em Elvis Presley um de seus expoentes, ainda em um tempo em que as ondas do rádio pareciam falar mais alto que a imagem da TV. Do diretor Michael Curtiz, o mesmo de Casablanca, a produção de 1958 Balada Sangrenta traz o rei do rock a enfrentar as vilanices do personagem de Walter Matthau, a quem o público das comédias se acostumou a ver como o parceiro de Jack Lemmon. Gogó e quadris a postos, o roqueiro topetudo estreou em 1956, com Love me Tender, e iria estrelar três dezenas de filmes, incluindo Saudades de Um Pracinha, O Seresteiro de Acapulco, Ame um Pouquinho Viva um Pouquinho e diversos outros que embalariam matinês nas salas de projeção e, décadas depois, esquentariam a programação televisiva. Continue lendo »


Celebração dos Corpos

22/05/2013

diario
Texto: Clodoaldo Lôbo
Foto:Ernesto Vasconcelos/Clix

“O importante não é o que os outros fazem de nós mas o que fazemos dos que os outros fazem de nós”. A frase de Sartre ilumina a sensorialidade do espetáculo apresentado pelo Grupo Ateliê Voador, “O Diário de Genet”, dirigido com exatidão por Djalma Thürler e protagonizado pelos atores Duda Woyda e Rafael Medrado colocados em uma dialética de Senhor-escravo, condição que se subverte.

Em cena, os dois atores apresentam uma metalinguagem no inicio (o teatro falando de si mesmo) corpos em pleno vigor exaltando o sensorial e a liberdade de movimentação e de existir.

O que o espetáculo afirma é o confronto do escritor Genet contra a sociedade iníqua que o colocou numa posição de estigmatizado. Parido em frente a uma prisão, Genet estaria marcado pelo que os existencialistas denominaram de má fé. Ele rebelou-se contra os cânones que o aprisionariam nos rótulos de homossexual e ladrão. E finca sua voz devolvendo a sujeira que o iria limitar na própria sociedade que queria transformá-lo em objeto.

Afinal, como disse a poetisa e artista plástica Ediane do Monte “somos dissidentes do real”. Principalmente se esse real for desumano, reificado e massacrante, apesar de toda tecnologia de agora.

Assim Genet fez uma afirmação de vida tornando-se sujeito de si mesmo com a movimentação pulsante e inquieta que o diretor da peça sugere através dos atores, do límpido olhar de Rafael Medrado ao vigor imanente de Duda Woyda.

Inspirado no Diário de um Ladrão, em que o autor aclamado por Simone de Beauvoir como “São Genet, comediante e mártir”, o espetáculo faz a gente singrar pela música que integra a trilha sonora da peça, originalmente interpretada por Jussara Silveira: “Há na alma da gente um lugar, um porto bom, é preciso seguir o farol”.

Saímos do teatro mais sólidos em nossa identidade de corpo, carne e sangue nas veias. Revivificados para a batalha diária como num sopro de mágica induzido pela encenação.

Serviço:
Ultimo final de semana da temporada, sábado e domingo, na Sala do Coro do TCA, até 26/05/2013
Horário: 20:00
Ingresso: R$ 20,00 (inteira).


Lançamento de vídeos nucleares no Congresso Nacional nesta quarta-feira (22)

20/05/2013

Antinuclear

Por Zoraide Vilasboas

Durante a Audiência Pública que vai discutir na quarta-feira próxima (22 de maio), A Situação da Energia Nuclear Pós-Rio+20, será lançada uma série de vídeos sobre o tema, com depoimentos de cientistas, artistas e militantes socioambientais, como o teólogo Leonardo Boff, a física e ativista ambiental indiana, Wandana Shiva, e o engenheiro Ildo Sauer (USP). O ato acontecerá às 11 horas no Plenário 2, do Anexo II, na Camara dos Deputados, em Brasilia. O debate contará com a participação do Prof. Heitor Scalambrini (engenheiro/UFPE), da procuradora Gisele Porto (MPF) e outros convidados. Continue lendo »


Crueza, riso e lirismo em Amnésis

20/05/2013

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Texto: Clodoaldo Lôbo
Foto: Diney Araújo

Sons, ruídos de vozes, falas esparsas, entoações como de ladainhas, inicialmente.
Aos poucos, as vozes vão ganhando vida e nitidez. Vê-se ao fundo telão com imagens do Centro Histórico de Salvador.
Como se estivéssemos numa peça inspirada por Grotowski, que preconizava um teatro pobre, apenas três atores no palco organicamente e a luz sutilmente poderosa de Irma Vidal incidindo sobre eles.
Aos poucos, as falas vão se interpenetrando, embora continuem parecendo solilóquios. Continue lendo »


As mãos (sujas) sobre a cidade

11/05/2013

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Por Biaggio Talento em Observatório da Imprensa

A cidade está se expandindo para um lado, mas é preciso mudar em direção contrária, de forma a beneficiar as terras de determinado grupo econômico, o que vai valorizar os empreendimentos desse segmento em 5 mil por cento. Como fazer isso? Modificando, se preciso, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, corrompendo algumas autoridades. Essa, grosso modo, é a introdução do filme As mãos sobre a cidade. Descreve uma má intenção de empresários predatórios que servirá de mote ao longo da trama. Realizado pelo cineasta Francesco Rosi em 1963, o filme está fazendo 50 anos e ainda hoje é exibido em fóruns de urbanismo e arquitetura pela sua atualidade. Continue lendo »


WALTER DA SILVEIRA, O FILÓSOFO DO CINEMA BRASILEIRO

21/04/2013
Para Walter da Silveira A Grande Feira, de Roberto Pires, foi o marco inicial do Cinema Novo

Para Walter da Silveira A Grande Feira, de Roberto Pires, foi o marco inicial do Cinema Novo

Por Gilberto Felisberto Vasconcellos

Crítico de cinema e exímio escritor, dotado de um estilo incisivo, afirmativo, apodítico, elegante, sóbrio na interpretação, ponderado, humilde, anti-cabotino, avesso ao beletrismo e à retórica bacharel. Horror ao “blasé” e ao diletante, Walter da Silveira começou pensando o cinema como fato cultural, a arte por excelência do século XX (“ver é o sentido básico” do nosso tempo): antes de ser arte, o cinema foi ciência. Atacou o preconceito literário, teatral e pictórico, que negava ao cinema capacidade de conhecimento e beleza artística. Atacou o preconceito de que cinema é passatempo de iletrados. Marxista, ateu (sem religião, gostava de se autodefenir), considerou a dupla face do cinema como arte e indústria, digamos, valor de uso (estética) e valor de troca (o filme-mercadoria).

Antes da Nouvelle Vague falava, início da década de 50, sobre o específico da linguagem cinematográfica, compreendeu que a história do século XX (se não era feita pelo cinema) era conformada por fatores cinematográficos, e não deu crédito ao vaticínio de que o cinema seria fatalmente substituído pela televisão. Continue lendo »


Corumbiara, de Vincent Carelli

20/04/2013


Projeto de nação não tem lugar para povos indígenas, diz indígena e doutor em antropologia

13/04/2013

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Por Thiago Pimenta – Portal EBC

Após manifesto de funcionários da Funai por um plano de indigenismo brasileiro, o Portal EBC entrevistou o indígena e doutor emantropologia Social, Gersem Baniwa, que atualmente é professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Na opinião de Gersem, que é originário do grupo indígena Baniwa (localizado normalmente no noroeste do Amazonas), um plano indigenista passa previamente por um projeto de nação do país, não podendo acontecer de forma dissociada: “Quando observamos a difícil situação de vida dos povos indígenas, pelas permanentes violações de seus direitos básicos, como o direito ao território e à saúde, podemos acreditar que ou o Brasíl ainda não definiu seu projeto de nação; ou já definiu e neste projeto não há lugar para os povos indígenas”, destaca. Continue lendo »


A lagarta que comeu o agronegócio

13/04/2013

lagarta oeste

O caso da lagarta Helicoverpa foi parar em Brasília, via telefonema do governador Jacques Wagner para a presidenta Dilma Roussef. Ele explicou que a situação era de emergência e precisavam de um decreto autorizando a importação de três tipos de inseticidas que não tem registro no país.

Por Najar Tubino, Carta Maior

O título tem dois sentidos. O primeiro é literal, a lagarta Helicoverpa atacou lavouras de milho, soja e algodão, causando prejuízo de R$1 bilhão no oeste baiano, uma das últimas fronteiras do agronegócio, e se estendendo a outros 11 estados. No total prejuízo de R$ 2 bilhões. O segundo é figurado, porque a lagarta abriu o leque para mostrar que o glorificado setor do agronegócio no país, onde a soja representa no valor bruto de produção R$86 bilhões, aplica métodos de organização ultrapassados, mais parece prática de garimpo, do que outra coisa. Continue lendo »


As entranhas do declínio americano

07/04/2013
Por Joseph Stiglitz, do site Outrs Palavras

dolar

Joseph Sitglitz explica: por que desigualdade, redução do Estado e rentismo financeiro produzem, além de injustiça, cada vez mais ineficiência

Por Joseph Stiglitz, em Vanity Fair | Tradução: Gabriela Leite

Vamos começar estabelecendo uma premissa básica: a desigualdade nos Estados Unidos aumenta há décadas. Todos estamos conscientes deste fato. Certas vozes na direita negam a realidade, mas analistas sérios, em todo o espectro político, reconhecem o fenômeno. Não vou elencar todas as evidências neste texto: basta lembrar que a diferença entre o 1% e os 99% é muito vasta quando a analisamos em termos de rendimento anual; e ainda maior quando observamos a riqueza — ou seja, o capital acumulado e outros bens. Considere a família Walton: os seis herdeiros do império do Walmart possuem uma riqueza combinada de cerca de 90 bilhões de dólares, o que é equivalente à riqueza somada dos 30% mais pobres, entre os norte-americanos (muitos deles possuem patrimônio líquido zero ou negativo, especialmente depois do colapso imobiliário). Warren Buffet [leia, de sua autoria, “Parem de mimar os super-ricos”] situou o tema de forma correta quando disse: “Houve uma guerra de classes nos últimos 20 anos, e minha classe ganhou.” Continue lendo »


O emblema Cuíca de Santo Amaro

01/04/2013

Propagandista da feira

Documentário lança luz a respeito da trajetória do poeta-repórter que alimentou o imaginário popular de Salvador em seus tempos de província.

por Raul Moreira
Do Seminário Magazine

Lá pela metade dos anos 2000, separadamente, o cineasta Joel de Almeida e o jornalista Josias Pires começaram a desenvolver projetos que tinham como objetivo descortinar um personagem emblemático que alimentou o imaginário popular de Salvador no século passado, conhecido como Cuíca de Santo Amaro. E quis o destino que os dois unissem forças e transformassem os seus desejos em uma árdua pesquisa que acabou resultando em um documentário financiado pela Petrobras.

Já visto em São Paulo, no Festival É Tudo Verdade, Cuíca de Santo Amaro será projetado pela primeira vez na Bahia no Festival Cine Futuro – VIII Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual. E, naturalmente, o filme, em película e com pouco mais de 1 hora e 15 minutos, tem importância não apenas pelo fato de se constituir um importante documento a respeito de um personagem que merecia aprofundamento, como, também, pela forma através da qual a dupla de autores o construiu. Continue lendo »


O poder evangelico à vista, por Janio de Freitas

31/03/2013

por JANIO DE FREITAS

O impasse sobre Feliciano é o 1º embate relevante em que os evangélicos se põem como um bloco orgânico

O impasse decorrente da presença do deputado-pastor Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e de Minorias não é um caso político qualquer. Tanto expõe uma situação atual até aqui mal observada, como indica uma situação futura bastante problemática no Congresso, em particular na Câmara.

O caso em torno do pastor Marco Feliciano agrava-se mais, com sua decisão de afrontar os opositores e entregar a relatoria de projetos, na Comissão, a evangélicos notoriamente contrários a tais propostas, referentes a assuntos como aborto e sexo profissional. Continue lendo »


Visita de vereadores ao quilombo foi adiada para quarta-feira (27)

25/03/2013

Atenção: A presidente da Associação Quilombola de Rio dos Macacos, Rosimeire dos Santos, acabou de informar que a Câmara Municipal de Simões Filho adiou para a próxima quarta-feira (27) a visita ao quilombo, pois os vereadores foram convocados pelo comandante da Base Naval de Aratu para uma reunião prévia amanhã (26) pela manhã.


Quilombo rio dos Macacos receberá nesta terça (26) visita de vereadores de Simões Filho e de Camaçari

25/03/2013

Rio do Macaco

Um grupo de vereadores de Simões Filho e de Camaçari fará uma visita nesta terça-feira (26), a partir das 8h, ao quilombo do Rio dos Macacos. Esta visita é um dos desdobramentos da Audiência Pública sobre a situação da comunidade quilombola realizada na Câmara Municipal de Simões Filho na quinta-feira passada (21). Os vereadores decidiram também que no final do mês de abril irão a Brasília, acompanhado dos quilombolas, para uma audiência com a presidenta Dilma Roussef. Continue lendo »


Projeto “Quem são os proprietários do Brasil?”

25/03/2013

Quais os interesses que estão por trás da destruição da Aldeia Maracanã? Saiba aqui.

Enviado por Luis Nassif

Prezadas/os amigas/os militantes pela cultura livre, digital e popular,

Sou Daniel Tygel, da Cooperativa EITA (Educação, Informação e Tecnologia para Autogestão), e esta mensagem é um pedido de ajuda a cada um/a de vocês, a cada coletivo, para conseguirmos realizar um projeto que, acredito, tem muito a ver com a luta pela democratização da cultura e dos meios de comunicação do país:

Lançamos na catarse (financiamento colaborativo), com o IMD, uma campanha para coletarmos recursos suficientes para fazermos o portal “Quem são os proprietários do Brasil?”. Funciona assim: se atingirmos a meta de 56 mil reais, dá tudo certo e fazemos o projeto. Se não atingirmos esta meta, cada pessoa que contribuiu recebe o dinheiro de volta e não recebemos nada e o projeto não é feito. É tudo ou nada.

O Ranking Proprietários do Brasil é uma ferramenta poderosa para os movimentos sociais, pois mostra visualmente e com valores quantitativos as redes de poder econômico do país. Para terem uma ideia, envio abaixo a imagem da rede de poder por trás da Braskem. Não conhecemos nada com este nível de cálculo e visibilidade no Brasil. Continue lendo »


José Maria Marin Fora da CBF !!!

25/03/2013

Por Ivo Herzog

Podemos impedir que uma pessoa ligada à ditadura seja o embaixador do Brasil no evento mais importante da sua história: A Copa do Mundo de 2014.

Ter Marin a frente da CBF é como se a Alemanha tivesse permitido um membro do antigo partido nazista ter organizando a Copa de 2006.

Esta pessoa estará representado o nosso país e recebendo convidados de todo o mundo. Não devemos ter alguém que possamos nos orgulhar a nos representar?

http://www.avaaz.org/po/petition/Jose_Maria_Marin_Fora_da_CPF/?tbpuJab


Josué de Castro, o mais ilustre brasileiro de todos os tempos

24/03/2013

O filme retrata a vida e a obra do médico pernambucano Josué de Castro, intelectual engajado em um dos maiores e eternos problemas da humanidade: a fome. Autor de vários livros que discutem a fome como uma questão política, Josué representou o Brasil em vários órgãos internacionais, como a FAO, mas acabou sendo exilado pela ditadura militar. Morreu em 1973.
Direção:
Silvio Tendler
Roteiro:
Adolfo Lachtermacher, Josué de Castro Filho, Silvio Tendler, Tânia Fusco
Produtores:
Adolfo Lachtermache


Eucaliptos no entorno do Parque Nacional da Chapada Diamantina

23/03/2013

Joás Brandão
Joás Brandão escreve manifesto contra a plantação de eucaliptos na Chapada Diamantina

Por Ezyê Moleda, Samuel Esteves, Nelson Mello e Ricardo Toscani

Joás Brandão, agente de proteção ambiental no Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA), escreveu nesta semana um texto de próprio punho pedindo o apoio da sociedade civil brasileira. O manifesto, que foi distribuido para os grandes meios de comunicação do país, avisa sobre a aprovação de uma grande plantação de eucalíptos nos arredores de uma área de preservação ambiental, que pode se tornar um desastre para a fauna e flora da Baixa da Onça.

Neste ano, Joás foi um dos homenageados do prêmio Trip Transformadores, justamente por seu trabalho de proteção na Chapada Diamantina.

Leia abaixo o texto completo do manifesto. Continue lendo »


Cuíca de Santo Amaro, esteta das partes baixas

22/03/2013

Cuica abert-03

por Josias Pires

“Me parece que os jornais / Da Bahia são comprados / Pois fatos palpitantes / Ficam na redação / Eternamente arquivados. // Digo eu esta verdade / Porque isto é o meu dever / Coisas sem importância / Os jornais sabem escrever / Porém o que interessa / Fica o povo sem saber”.

Um personagem sobre o qual deveríamos silenciar. É o que pensa muita gente de bem que se recusou a gravar depoimentos sobre Cuíca de Santo Amaro para o filme documentário de longa metragem que dirigi com Joel de Almeida, concluído em janeiro de 2012. Tal recusa apenas comprova que o desabusado “trovador repórter” continua sendo temido e odiado por pessoas aparentemente “bem pensantes”, contemporâneas de Cuíca (1907-1964), que ainda o tomam como personagem menor, marginal, insignificante, que deveria ser esquecido. Continue lendo »


Olho de Boi, filme curto de Diego Lisboa

21/03/2013

por Diego Lisboa
Olho de boi é um filme de curta-metragem que conta a saga do menino Junca para realizar o sonho de ir a escola com seus novos sapatos. Mas neste percurso ele vai enfrentar grandes desafios. O filme foi todo rodado na comunidade do Bate-facho e contou com a grande colaboração e participação dos moradores. A eles todo o meu agradecimento! Continue lendo »


Marujada – Bahia Singular e Plural

19/03/2013

Por Josias Pires

“Marujada” é uma rapsódia, uma colagem que reúne, num longo espetáculo de dança, música, cantos e falas — que pode durar até dois dias -, fragmentos de velhos romances cantados portugueses e músicas tradicionais de variadas fontes. Foram gravadas para este documentário festas de marujada nos municípios de Paratinga, Saubara, Jacobina e Prado.

A Marujada, também conhecida como Chegança de Marujos, é um folguedo popular que embarca o espectador no imaginário das grandes navegações dos séculos XV, XVI e XVII. Tais navegações viabilizaram a expansão colonial de países europeus por novos continentes e proporcionaram o encontro de povos e as novas civilizações. Lançados ao mar, os homens da época criaram novos gêneros literários — como os relatos de naufrágios -, e novas canções, danças e dramas que se espalharam pelos novos mundos. Continue lendo »


Romário denuncia papel do chefão da CBF no assassinato de Vladimir Herzog

17/03/2013

romario

O atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin era deputado estadual pelo estado de São Paulo em 1975. No dia 9 de outubro daquele ano, cobrou no plenário da Assembleia Legislativa providências contra o jornalismo da TV Cultura, emissora da qual Wladimir Herzog era diretor. Quinze dias depois Vlado foi assassinado nos porões da ditadura. Entenda o caso lendo o discurso de Romário e a reportagem sobre do jornalista britânico Andrew Jennings. Continue lendo »


Colegiado setorial de Cultura Afro Brasileira do MinC repudia eleição de Pastor Feliciano

17/03/2013

Fora Feliciano

Nós, membros do Colegiado Setorial de Cultura Afro Brasileira do Conselho Nacional de Políticas Culturais/CNPC/MinC, composto por 25 representantes de todas as regiões administrativas do Brasil viemos a público manifestar nosso repúdio a eleição do Deputado Federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados Federal. Continue lendo »


Quixabeira – da Roça à Indústria Cultural

17/03/2013

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4


Índios do Sertão – Bahia Singular e Plural

16/03/2013

Parte 1

Parte 2

Por Josias Pires
“Índios do Sertão” é o décimo quarto documentário da série “Bahia Singular e Plural”. Foram gravados para este programa o toré dos índios Kiriri de Mirandela, no município de Banzaê; o toré dos Tuxá de Rodelas; e a dança dos praiá, feita pelos Pankararé, de Nova Glória – estes dois últimos municípios localizados às margens do rio São Francisco, no norte da Bahia.

O documentário traça um panorama da história recente desses três povos indígenas da Bahia e, apoiado em depoimentos dos índios e dos antropólogos Pedro Agostinho, Maria do Rosário, José Augusto Sampaio e Marco Tromboni apresenta algumas questões relacionadas a situação dos índios do Nordeste. Houve uma época, por exemplo, que havia dúvidas acerca da própria existência de índios nessa região, pois se acreditava que eles teriam sido extintos durante o período colonial e que todos os seus descendentes estariam dissolvidos na sociedade envolvente e teriam assumido a categoria de “caboclos”. Continue lendo »


Filme Cuíca de Santo Amaro será exibido na praça Municipal de Salvador na próxima terça-feira

14/03/2013

Bomba!! Bomba!! Bomba!!

Na próxima terça-feira (19), a partir das 18h30min, será exibido na praça Municipal de Salvador o filme documentário “Cuíca de Santo Amaro”, dirigido por Joel de Almeida e Josias Pires. O evento promovido pelo projeto “Cinema na Praça” , da Fundação Gregório de Mattos, irá comemorar o aniversário de nascimento do poeta popular José Gomes (19/03/1907 – 21/01/1964), que entrou para a história de Salvador com o nome de Cuíca de Santo Amaro. Produzido pela DocDoma Filmes, com o apoio do programa Petrobras Cultural, o filme foi concluído em janeiro de 2012 e tem 74 min de duração.

“O Cuíca de Santo Amaro / Que de fato é O Tal / Abre o grande filme / Ao povo da capital / Pois o mesmo é, leitores / Convidado especial// De fraque e cartola / Parecendo um doutor / Cuíca de Santo Amaro / Renomado trovador / Faz sorrir a valer /Qualquer espectador.”

Cuíca de Santo Amaro já foi exibido no 17o. Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade (duas exibições no RJ e duas em SP); no V Festival do Cinema Latino Americano e Caribenho, na Venezuela; no projeto Cinema no Telhado, do Instituto Goethe, em Luanda, Angola; no Festival Internacional de Cinema de Arquivo, no Arquivo Nacional, Rio de Janeiro; no 3o. Cachoeira Doc – Festival de Documentários de Cachoeira; no Cine Futuro, VIII Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, em Salvador; no IV Bahia Afro Film Festival, em Salvador; e na 16a. Mostra de Cinema de Tiradentes (MG).

Sinopse do filme:

Na idílica Salvador dos anos 40 e 50 Cuíca de Santo Amaro atenta contra o pudor e brada contra a hipocrisia, revela em praça pública segredos de alcova e trapaças de ricos marreteiros. É o cronista social. Nada lhe escapa: o custo de vida, os crimes mais comoventes, manobras dos líderes da II Guerra Mundial. Suas histórias não raro obscenas vendem como caninha nas feiras de Salvador e do Recôncavo da Bahia. Transformado em personagem dos escritores Dias Gomes e Jorge Amado e de filmes de Roberto Pires e Anselmo Duarte, Cuíca deixa atrás de si um rastro de polêmica. “Comigo não tem bronca”, garantia. É a versão popular do boca de brasa, o Gregório de Mattos sem gramática. Herói e anti-herói. Trovador reporter. O maior comunicador que a Bahia já teve. É um performer antes de Salvador virar metrópole.